O Beijo Traiçoeiro - Erin Beaty

Sinopse: Com sua língua afiada e seu temperamento rebelde, Sage Fowler está longe de ser considerada uma dama — e não dá a mínima para isso. Depois de ser julgada inapta para o casamento, Sage acaba se tornando aprendiz de casamenteira e logo recebe uma tarefa importante: acompanhar a comitiva de jovens damas da nobreza a caminho do Concordium, um evento na capital do reino, onde uniões entre grandes famílias são firmadas. Para formar bons pares, Sage anota em um livro tudo o que consegue descobrir sobre as garotas e seus pretendentes — inclusive os oficiais de alta patente encarregados de proteger o grupo durante essa longa jornada. Conforme a escolta militar percebe uma conspiração se formando, Sage é recrutada por um belo soldado para conseguir informações. Quanto mais descobre em sua espionagem, mais ela se envolve numa teia de disfarces, intrigas e identidades secretas. E, com o destino do reino em jogo, a última coisa que esperava era viver um romance de tirar o fôlego. (Skoob)

Livro recebido como cortesia da Editora
BEATY, Erin. O Beijo Traiçoeiro. Editora Seguinte, 2017. 440 p.


Obra de estreia da autora, O Beijo Traiçoeiro me conquistou. Sage Fowler é uma garota de dezesseis anos, muito inteligente e observadora. Longe de ser considerada uma dama, a menina não acredita em casamentos arranjados e o encontro com uma casamenteira importante só confirma que ela não nasceu para casar. Ironia ou não, Sage é convidada para ser aprendiz da casamenteira, o que a faz perceber o quão boa ela é no trabalho.

Após ser recrutada para o trabalho, Sage tem que se passar por uma dama enquanto viaja com a casamenteira e outras damas até um evento onde serão encontrados maridos com grandes dotes para as moças. Quando o capitão Quinn, que as está escoltando até a cidade do evento, percebe o quanto Sage é boa em sua tarefa, ele pede sua ajuda para que a garota seja sua espiã.

Em uma narrativa intrigante, Erin Beaty nos prende em cada página, o mistério e o romance combinam muito bem e é quase impossível deixar o livro de lado por um momento sequer. Me identifiquei um pouco com Sage, já que a garota não se imagina dependente de um homem para se manter e tem um interesse enorme por livros e por ensinar outras pessoas. Quanto às suas habilidades em observar as pessoas, queria ter um pouco mais desse “poder”.

Apesar da história, fiquei incomodada com a quantidade de informações sem explicação que a autora nos apresenta. A todo momento lemos nomes de cidades, países ou estados mas sem a certeza do que cada um realmente significa. Em contraponto, temos a divisão social através dos nomes. O fato da protagonista saber a possível origem de um personagem a julgar pelo seu nome me chamou muita atenção. Cada nome determina se a pessoa é bastarda, plebeia ou nobre. Não é um fato que atrai muitos, mas eu achei muito interessante.

Narrado em terceira pessoa, O Beijo Traiçoeiro foi uma leitura despretensiosa que me surpreendeu bastante. O segundo volume da trilogia tem previsão de lançamento em maio de 2018 lá fora, e espero que não demore para chegar por aqui.

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Origem - Dan Brown

Sinopse: De onde viemos? Para onde vamos? Robert Langdon, o famoso professor de Simbologia de Harvard, chega ao ultramoderno Museu Guggenheim de Bilbao para assistir a uma apresentação sobre uma grande descoberta que promete "mudar para sempre o papel da ciência". Em meio a fatos históricos ocultos e extremismo religioso, Robert e Ambra precisam escapar de um inimigo atormentado cujo poder de saber tudo parece emanar do Palácio Real da Espanha. Alguém que não hesitará diante de nada para silenciar o futurólogo. Numa jornada marcada por obras de arte moderna e símbolos enigmáticos, os dois encontram pistas que vão deixá-los cara a cara com a chocante revelação de Kirsch... e com a verdade espantosa que ignoramos durante tanto tempo. (Skoob)
BROWN, Dan. Origem. Editora Arqueiro, 2017. 432 p.

O sucesso de um livro, às vezes, pode ser mais prejudicial do que benéfico. Ainda mais se esse sucesso for estrondoso, como foi com Código Da Vinci, um livro praticamente perfeito para o gênero. Brown tentou repetir o feito com O Símbolo Perdido, que embora seja interessante, não chegou perto do anterior. Inferno, seu livro seguinte, mostrou que o autor estava sem ideias, uma vez que a maior parte da história mais parece um guia turístico, e a trama que move os poucos acontecimentos, é ridícula. Então, chegamos a Origem, seu mais recente lançamento. Nele, Brown ainda tenta repetir o feito de seu maior sucesso, mas, desta vez, ele parece não ter uma pressão enorme sobre os ombros, consegue criar coisas diferentes e tocar em assuntos atuais, que transmitem alguma esperança e tem a qualidade de emocionar.

Edmond Kirsch, um renomado cientista ateu, descobre algo que poderá destruir com todas as religiões, Robert Langdon é envolvido na descoberta, Ambra Vidal, noiva do príncipe Julián e futura rainha da Espanha, é a curadora do museu onde se dará a revelação da descoberta, o bispo espanhol Valdespino, junto com um rabino e um erudito muçulmano, são contra a revelação e estão abalados pelo que poderá acontecer, e um almirante aposentado serve de assassino contratado para silenciar Kirsch. Ou seja, para quem já leu os últimos livros de Brown, o tabuleiro é o mesmo, só mudaram os nomes de alguns peões.

Mas, felizmente, existem algumas coisas que conseguem trazer um pouco de frescor à trama. O leitor não é mais entulhado de descrições de locais turísticos, uma vez que os acontecimentos mudam pouco de local.

A Igreja Católica, representada pelo bispo Valdespino, é dada como a grande vilã, mas temos surpresas quanto a isso. Inclusive, o trecho final entre o bispo e o rei da Espanha, é sensível, dotado de um carinho tocante e com uma representatividade que é muito bem-vinda.

O almirante espanhol tem seus motivos para aceitar a missão que lhe é incumbida, motivos esses que também trazem discussões atuais sobre o que está acontecendo na Europa por causa dos atentados terroristas.

Ambra, a futura rainha espanhola, não é uma mulher indefesa, mas, pelo contrário, é decidida, toma suas próprias decisões, inclusive contra a vontade do príncipe, e não se deixa ser salva por Langdom, ela mesma se vira.

Kirsch, o perpetuador de tudo, é um representante do que mais existe hoje em dia, nerds que tiveram sucesso na vida devido à inteligência e ao trabalho duro.

E, por fim, chegamos a um personagem que ainda não citei, mas que até o final do livro, torna-se o mais importante de ORIGEM: Winston, uma inteligência artificial que interage e ajuda Langdon por toda a história. Ele lembra, muito, o computador HAL 9000, do livro 2001 Uma Odisséia no Espaço, mas com uma forma mais sofisticada de se comunicar verbalmente. Muitas das coisas que ele faz para ajudar ou descobrir coisas, são realmente possíveis hoje em dia, então não fique espantado ou incrédulo quando ler. Mas a importância dele na trama vai além de sua intromissão na solução dos problemas.

Abrir um parêntesis para exemplificar o que quero dizer. Este ano, a FAIR (Facebook Al Research), uma divisão de pesquisas do Facebook, criou uma inteligência artificial para simular situações de negociação entre dois agentes financeiros fictícios. A função do programa era colocar esses dois agentes conversando entre si para que chegassem a soluções que melhor atendessem aos dois, com o objetivo de ajudar os pesquisadores a entenderem como duas pessoas podem negociar de maneira mais construtiva. Para isso, ela utilizaria do inglês como língua de comunicação entre os dois agentes. Com o tempo, o programa decidiu por si próprio, que o inglês não era produtivo o suficiente, e criou uma linguagem própria para os dois agentes. Embora a nova linguagem fosse incompreensível para nós, ela era mais eficiente para os dois agentes, e, com ela, eles conseguiam um resultado melhor. Então, o Facebook achou melhor desativar o programa. O.O

Depois do fato acima, não duvide, nem por um segundo, do que você irá ler em Origem sobre Winston. Estamos chegando a um nível de tecnologia onde uma inteligência artificial poderá ser capaz, sim, de tomar decisões, e executar essas decisões para que consiga atingir sua diretriz primária, independentemente das consequências e da moral de tais decisões.

Eu considero Brown um dos autores mais criativos da atualidade, com uma escrita envolvente e com o dom de saber criar no leitor a expectativa para o que vai acontecer, obrigando a leitura de páginas atrás de páginas. Infelizmente, ele está preso a uma receita de enredo que limita sua criatividade. Como fã, anseio que ele enxergue que é capaz de criar mistérios e aventuras sem precisar de uma fórmula pré-estabelecida, e, com isso, volte a surpreender seus leitores. Origem é um exemplo de como ele pode diversificar, mesmo estando preso a uma linha de ação por medo ou comodidade.

Ah, e sobre a tal revelação bombástica, ela acontece, não tenha medo, mas nem de perto tem a possibilidade de destroçar as religiões. Entretanto, ela é suficientemente interessante e atual para fazer o leitor pensar, e pensar bastante. Como se trata de uma obra de ficção, você pode achar que a revelação é exagerada, mas não é. Basta uma rápida busca no Google pelo nome do cientista que Kirsch menciona, para ver que existem diversos estudos e pesquisas em andamento sobre o assunto.

Mas o mais curioso, para quem acha, erroneamente, que Brown tenta ofuscar a religião e a existência de Deus, é que ele faz com que Langdon, no final do livro, solte um raciocínio que inviabiliza de forma lógica a revelação de Kirsch, ou melhor, ele a completa com um pensamento que confirma sua verdade, mas adiciona a fé em cima. E isso é sensacional!

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Depois Daquela Montanha - Charles Martin


Sinopse: O Dr. Ben Payne acordou na neve. Flocos sobre os cílios. Vento cortante na pele. Dor aguda nas costelas toda vez que respirava fundo.
Teve flashes do que havia acontecido. Luzes piscavam no painel do avião. Ele estava conversando com o piloto. O piloto. Ataque cardíaco, sem dúvida.
Mas havia uma mulher também – Ashley, ele se lembra. Encontrou-a. Ombro deslocado. Perna quebrada.
Agora eles estão sozinhos, isolados a quase 3.500 metros de altitude, numa extensa área de floresta coberta por quilômetros de neve. Como sair dali e, ainda mais complicado, como tirar Ashley daquele lugar sem agravar seu estado?
À medida que os dias passam, porém, vai ficando claro que, se Ben cuida das feridas físicas de Ashley, é ela quem revigora o coração dele. Cada vez mais um se torna o grande apoio e a maior motivação do outro. E, se há dúvidas de que possam sobreviver, uma certeza eles têm: nada jamais será igual em suas vidas. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
MARTIN, Charles. Depois Daquela Montanha. Editora: Arqueiro, 2017. 304 p.


Eu não sei bem o que esperava desse livro, porém, o que recebi não supriu minhas expectativas, essa foi uma boa leitura, com personagens interessantes, que superaram suas dificuldades em meio a um ambiente hostil, mas que no fundo não me conquistaram.

Ben Payne, é um cirurgião ortopédico, ele está no aeroporto esperando o avião para voltar para casa, depois de participar de uma conferência, porém, do lado de fora há uma tempestade muito forte se aproximando, o que impossibilita os aviões de decolar, fazendo assim com que os voos sejam cancelados.

No aeroporto, Ben conhecer Ashley, que é colunista de uma revista feminina, ela precisa chegar em casa para o jantar de ensaio da cerimonia do seu casamento, que aconteceria dali a poucas horas, porém, seu voo também foi cancelado. 

Ben decide alugar um avião monomotor, para levá-lo até Denver. Pensando na situação complicada que Ashley se encontra, ele decide convidá-la a ir com ele, afinal, ela tem um ensaio de casamento ao qual precisa chegar o quanto antes. Ela aceita, porém, ninguém esperava que isso fosse terminar de uma maneira tão ruim.

Grover é o piloto do avião, e infelizmente durante o voo sofre um ataque cardíaco, todavia, mesmo assim consegue fazer um pouso forçado, o que garante a sobrevivência de seus passageiros. Agora Ben e Ashley e o cachorro de Grover, estão a quase 3.500 metros, totalmente isolados, em um lugar coberto de neve e sem perspectiva nenhuma de salvação.

"Esperar por alguém faz isso. Transforma os minutos em horas, horas em dias e dias em vidas."

Para mim foi uma surpresa a força dos personagens, mas o romance e a abordagem do autor não me conquistaram. Eu não me vi torcendo pelo casal, por qualquer coisa que poderia envolver os dois, a não ser o fato de que queria muito que eles saíssem daquela situação, porque já não aguentava a agonia e expectativa.

A divergência de personalidades dos personagens é bem perceptível. Ben é um homem que está acostumado a viver sobre pressão, sendo cirurgião, essa é uma constante em sua vida, ele faz escaladas e isso foi essencial para garantir a sobrevivência deles naquele lugar.

Ele se sente culpado pelo que aconteceu, afinal, foi ele quem convidou Ashley para ir com ele no avião, e por isso toma para si a missão de garantir sua sobrevivência. Ela fraturou uma pena e está muito machucada, mas isso não faz com que ele mude de opinião, pelo contrário, faz dele mais forte para lutar por suas vidas.

"Foi um daqueles momentos em que eu entendi, realmente entendi, que a vida não é garantida. Que eu a tomava por certa, sem lhe dar valor. Que acordava todos os dias achando que também acordaria no dia seguinte."

Ashely é uma personagem carismática, e eu sinceramente não esperava por isso, foi impressionante ver a sua força diante das circunstâncias, mesmo machucada e com dor, ela não se deixou abater e eu ouso dizer que Ben só não pereceu por sua causa. Acho que se não fosse por ela, tudo não teria ocorrido da maneira que foi.

Depois Daquela Montanha tem uma escrita bem fluída, mas, em alguns momentos, eu não conseguia avançar mais que poucas páginas antes de dar o braço a torcer e tentar a leitura mais tarde. Isso aconteceu porque Ben é um narrador bem detalhista e o fato de que o autor descreveu alguns termos técnicos em demasiado, confesso, me incomodou bastante.

O romance em si, ficou por conta do Ben e as conversas que ele tinha sobre sua esposa, isso foi sem dúvida o ponto alto da leitura para mim, o amor com que ele falava dela, não é algo que eu possa explicar e mesmo dando a entender que eles passavam por uma crise, não tornou a carga emocional dos trechos menor que do realmente era.

"Paus e pedras podem quebrar ossos, mas, se você quiser ferir alguém bem fundo, use palavras."

Esse livro me levou a refletir muito a respeito da vida e como uma escolha errada ou algo impensado pode mudar tudo. Depois Daquela Montanha foi adaptado para o cinema e eu pretendo assistir nas próximas semanas, e quem sabe ver os personagens por outra perspectiva.

Essa é uma leitura que, apesar das minhas ressalvas, recomendo muito, porque sim, tem uma história de superação, um casal que descobre o companheirismo em meio a uma situação difícil e muitas cenas que vão, com certeza, te tirar o fôlego.


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As Garotas de Corona del Mar - Rufi Thorpe

Sinopse: Amizade entre garotas pode ser intensa e, no caso de Mia e Lorrie Ann, não há dúvidas de que isso é verdade.
À medida que crescem, a vida de Mia e Lorrie Ann é preenchida com praia, diversão e passeios ao shopping.
Por outro lado, como toda amizade, há conflitos e dores.
Mia e Lorrie Ann convivem há muito tempo e possuem personalidades opostas. Mia é a bad girl , vivendo em uma família problemática. Lorrie Ann é linda e amável, quase angelical, e tem uma família que parece ter sido arrancada de um conto de fadas.
Mas, quando uma tragédia acontece, a vida perfeita sai fora de controle... (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
THORPE, Rufi. As Garotas de Corona del Mar. Novo Conceito, 2017. 288p.


Esse livro me interessou pois parecia que seria um pouco como a Série Napolitana da Elena Ferrante, que muitas pessoas falam bem, mas que eu gostaria mais do que da série. Eu não cheguei a ler os livros da Elena, então não vou fazer comparações, mas acredito que basicamente as duas amigas das duas histórias têm características parecidas e alguns acontecimentos talvez, mas nem são os que têm destaque aqui. A autora diz que se baseou na infância dela em Corona del Mar, que, segundo o Wikipedia, é uma vizinhança na cidade de Newport Beach, Califórnia.

A narração é feita em primeira pessoa pela Mia, e isso às vezes gera as narrações de detalhes que a gente fica pensando que provavelmente a Lorrie Ann não contou para ela. A narrativa é não-linear e começa com a Mia adulta contando uma história da adolescência dela, vai contando a vida delas até quando elas se separam e aí conta separadamente o que as duas estão fazendo até que elas ficam um bom tempo sem se falar, então, quando voltam a se falar, a narrativa volta para contar o que aconteceu com a Lorrie Ann. A mia também retorna algumas vezes à infância e adolescência delas para explicar as teorias que ela tem com relação a si mesma e a amiga ou repensar certas coisas.

Como diz a sinopse, a Mia tem uma superadmiração que pode parecer certa inveja dessa perfeição da Lorrie Ann e chega a ser uma obsessão o quanto ela quer classificar a Lorrie Ann como determinado tipo de pessoa. Depois que começa a dar tudo errado, por exemplo, aí o sentimento muda para pena, e por mais que vocês achem que é horrível sentir pena, no começo é difícil não sentir. Mas depois, ela começa a tomar várias decisões erradas e você pode passar é a sentir raiva. Devido a todos os acontecimentos da vida da Lorrie e também aos sentimentos da vida da Mia por ela, o foco do livro é uns 80% na Lorrie Ann, eu diria. O pouco que sabemos da Mia é o que acontecia na época que elas viviam juntas em Corona del Mar e experienciavam tudo juntas, e o que ela menciona quando diz que estava em tal lugar quando recebeu tal notícia da Lorrie e etc. É uma coisa interessante um narrador personagem que é protagonista, mas não o principal e também não um tipo de escritor, mas uma pessoa normal da vida do protagonista.

Eu não sei se eu chamaria a amizade delas de intensa como a sinopse diz, eu nem acho que teve tanto foco na amizade assim, porque na vida adulta, elas viveram totalmente longe uma da outra. Mas que é complicada, aí talvez. Várias vezes eu não acreditei em como a Lorrie Ann estava agindo com a Mia. E o jeito que a Mia fala da Lorrie Ann não é tão estranho quanto parece, não é nada anormal, mas faz ela parecer egocêntrica às vezes porque vive com essas constantes comparações sobre a vida que elas tinham e o giro de 180 graus. A Lorrie Ann percebe isso e comenta algumas vezes e sobre um dos questionamentos da Mia sobre o azar da amiga, ela diz que ninguém merece nada, as coisas não acontecem porque nós fomos sempre bons ou não. Talvez a parte "intensa" seja o sentimento, e mais de uma que da outra.

O livro tem uns temas pesados e pode ser difícil de ler para algumas pessoas. Eu gostei de como eles foram abordados e apesar de alguns posicionamentos serem totalmente opostos aos meus, ver opiniões que eu nunca tinha visto nesse tipo de debate (e eu já vi muitas) foi bem legal.

O final não foi grande coisa no sentido de final de livro. Ele teve um final, mas foi um final de vida real, normal. Eu na verdade gostei disso. Concordando ou não com o que aconteceu, acredito que foi bem realista. Teve até uma ponta solta deixada pelo fato de que, na vida real, nem sempre você vai descobrir tudo, mesmo seu melhor amigo pode não querer te contar. Um ponto do livro que eu destaco é de que você nunca vai conhecer totalmente uma pessoa.


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Como agarrar uma herdeira - Julia Quinn

Sinopse: Quando Caroline Trent é sequestrada por engano por Blake Ravenscroft, não faz o menor esforço para se libertar das garras do agente perigosamente sedutor. Afinal, está mesmo querendo escapar do casamento forçado com um homem que só se interessa pela fortuna que ela herdou.
Blake a confundiu com a famosa espiã espanhola Carlotta De Leon, e Caroline não vai se preocupar em esclarecer nada até completar 21 anos, dali a seis semanas, quando passará a controlar a própria herança milionária. Enquanto isso, é muito mais conveniente ficar escondida ao lado desse sequestrador misterioso.
A missão de Blake era levar “Carlotta” à justiça, e não se apaixonar por ela. Depois de anos de intriga e espionagem a serviço da Coroa, o coração dele ficou frio e insensível, mas essa prisioneira se prova uma verdadeira tentação, que o desarma completamente. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
QUINN, Julia. Como agarrar uma herdeira. Agentes da Coroa #1. Editora Arqueiro, 2017. 304 p.


Os últimos romances de época que li foram um pouco desanimadores, pois não trouxeram grandes novidades e pareciam mais do mesmo. Estava pensando até que o gênero não era para mim e fiquei um pouco receosa por começar mais um. Mas eis que Julia Quinn veio para me mostrar que livros gênero podem sim ser divertidos e diferentes e o primeiro livro da série Agentes da Coroa veio me trazer uma nova animação com livros desse tipo ao misturar muita aventura, tiradas divertidas e, claro, muito romance.

"Caroline era esperta. Era inteligente. E era atraente demais. E Blake a queria bem longe de Seacrest Manor. Já tentara se envolver profundamente com outra mulher antes. E isso quase o destruíra."

Como agarrar uma herdeira conta a história de Caroline Trent, uma herdeira órfã que aguarda ansiosa para completar seus 21 anos e se ver livre dos tutores interesseiros e grosseiros com quem teve a infelicidade de conviver. O problema é que, com a proximidade de seu aniversário, seu tutor atual está disposto a tudo para casá-la com seu filho. Ao fugir para se livrar de Oliver e de um casamento nada promissor, a mocinha é confundida com Carlotta De Leon e sequestrada por Blake, mas vê nesse sequestro uma oportunidade para permanecer longe dos olhos de Oliver pelo tempo necessário.

Eu adorei Caroline! A mocinha é ingênua em alguns aspectos, mas muito ágil e esperta em outros, principalmente em tiradas hilárias. Sua língua afiada garante boa diversão à trama, em especial quando ela está determinada a irritar Blake. Além disso, o fato de ter passado por tantas casas desde a morte de seus pais a ensinou a sair de situações bastante complicadas e a tornou uma pessoa dinâmica e pragmática.

"[...] Já fazia muito tempo desde que experimentara qualquer sensação de pertencimento e, que Deus a ajudasse, pertencia aos braços dele."

Blake também foi um personagem que fugiu dos padrões dos romances de época. Nada de galanteador da sociedade e homem que foge de compromisso, finalmente. Quinn construiu um personagem com uma grande bagagem e sonhos despedaçados, e mostrou que o homem não precisa ser "o pegador" para se tornar um personagem charmoso e interessante. Sinceramente, tenho gostado muito mais dos protagonistas masculinos construídos pela autora do que os demais clichês que tenho visto nos outros livros do gênero, já que ela sabe construir personagens complexos e que vão além de solteirões convictos fisgados por uma mocinha. Em uma análise ampla, acho que todos os personagens construídos por Quinn trouxeram consigo uma complexidade bem vinda e aprofundaram a leitura por saírem do lugar comum.

Como agarrar uma herdeira inovou ainda ao trazer investigações e espionagem de forma mais intensa do que já vi em outros romances de época. Geralmente as aventuras do gênero se resumem a muita fofoca e a observações, mas aqui os personagens estão no centro de todo o perigo. Além de sequestro, há invasão domiciliar, tiroteio, luta e risco real, o que dá mais intensidade à narrativa. E é claro, não poderia faltar o romance, que acontece de uma forma fofa e delicada.

"- Você é a mulher mais cabeça-dura que eu já tive a infelicidade de conhecer. - Blake agitou a mão no ar e resmungou baixinho, antes de acrescenta: - Não consegue entender que estou tentando protegê-la?
Caroline sentiu um calor gostoso no peito e seus olhos ficaram marejados.
- Sim - respondeu -, mas não consegue entender que estou fazendo o mesmo?"

O livro nos presenteia ainda com a aparição de James, o marquês de Riverdale, que será o protagonista do segundo livro da série. Eu o achei muito fofo e divertido e espero ver mais disso em Como se casar com um marquês, que já está na estante e será uma das próximas leituras.


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Pequenas Grandes Mentiras - Liane Moriarty

Sinopse: Com muita bebida e pouca comida, o encontro de pais dos alunos da Escola Pirriwee tem tudo para dar errado. Fantasiados de Audrey Hepburn e Elvis, os adultos começam a discutir já no portão de entrada, e, da varanda onde um pequeno grupo se juntou, alguém cai e morre. Quem morreu? Foi acidente? Se foi homicídio, quem matou? Pequenas grandes mentiras conta a história de três mulheres, cada uma delas diante de uma encruzilhada. (Skoob)
MORIARTY, Liane. Pequenas Grandes Mentiras. Editora Intrínseca, 2015. 400 p.

As pequenas mentiras são as piores mentiras. Por quê? Porque elas passam mais facilmente por verdades. Por isso o título da obra de Moriarty, Pequenas Grandes Mentiras, não poderia estar mais condizente com a história, uma vez que as verdades que as personagens principais escondem, levam, aos poucos, as vidas delas para a beira do precipício.

Esse pequeno parágrafo pode induzir você a pensar que elas fazem isso por algum deslize, ou falta de caráter ou algo do tipo. Não, é uma conclusão errada. O que elas escondem é o mesmo que milhares de mulheres e crianças, que vivem na vida real, também escondem. Em algum ponto, você irá se identificar, ou identificar alguém que você conhece.

Madeline é casada pela segunda vez e tem três filhos. Aos quarenta anos, começa a ter um vislumbre do medo da velhice. Abigail, a filha adolescente, é rebelde e é fruto do primeiro casamento. A relação de Madeline com o ex-marido é conflituosa, principalmente com Bonnie, a atual esposa dele, e pelo fato de Abigail ter um comportamento mais amigável com o pai. Abigail esconde algo da mãe, mas Madeline também esconde algo do marido atual.

Celeste tem um casamento perfeito com Perry, além de ser mãe de dois meninos gêmeos, Max e Josh. Perry viaja muito, mas sempre tenta estar disponível para Celeste, além de ser um pai dedicado e preocupado. Celeste é linda, inteligente, invejada por quase todas as mulheres. Mas atrás do casamento perfeito, existe algo de errado entre Celeste e Perry. Algo assustador. Algo que um dos filhos assiste de vez em quando.

Jane é jovem, mãe solteira de Ziggy, que foi fruto de uma relação de apenas uma noite. Jane se muda para a cidade onde Madeline e Celeste vivem, procurando uma forma de melhorar de vida e poder colocar o filho em uma escola de boa qualidade. Jane é decidida, simples, totalmente focada na educação do filho. Mas Jane esconde algo em seu passado, algo que a persegue e a assombra de noite com pesadelos.

Então, temos mais duas personagens que, embora não sejam as principais, também são centrais na história: Renata, uma mulher bem-sucedida, rica, mãe de Amabella (com M); e Bonnie, a esposa do ex-marido de Madeline, mãe da pequena Skye.

Madeline e Celeste são amigas, e Jane conhece Madeline por acaso, em um pequeno acidente. As cinco colocam os filhos na mesma escola. No primeiro dia, Ziggy é acusado de agredir a filha de Renata, ele nega, e não há provas, apenas a palavra da menina assustada. A partir desse incidente, começa uma guerra entre Madeline, Celeste, Jane, contra Renata e os restantes pais, que vai culminar em um assassinato.

A obra é narrada em terceira pessoa, e ao fim de cada capítulo, existem depoimentos de várias pessoas, conhecidas na história, ou não, contando a versão delas sobre as cinco mulheres e sobre os acontecimentos que levaram até aquela noite fatídica da morte de alguém para a polícia. Os únicos personagens que não aparecem nesses depoimentos, são as cinco mulheres. Então, o leitor fica, desde o início, na dúvida sobre qual delas poderá ter morrido. Ou não.

Entretanto, o crime não é a força motora da história, pelo contrário, serve apenas como adereço, porque o verdadeiro interesse que pega o leitor pela mão e o carrega pelas páginas, são os segredos que cada uma das personagens esconde. Eles são revelados aos poucos, sem pressa, através de pequenos detalhes que vão aumentando, aumentando, até que o leitor consegue compreender e confirmar o que está realmente acontecendo na vida de cada uma delas.

Pequenas Grandes Mentiras é uma obra importante, principalmente em uma época em que se discute tanto sobre machismo e violência contra a mulher. A autora consegue passar com clareza a confusão e a dificuldade que muitas esposas, namoradas ou garotas solteiras enfrentam diariamente, e como o sexo masculino se comporta diante delas. Mas a autora não grita apenas apontando o dedo para a ferida, ela cutuca e mostra possíveis soluções, ela não é passiva, ela faz as personagens terem atitudes que incentivam mulheres em situações semelhantes a fazerem o mesmo.

Como se isso já não fosse suficiente para tornar o livro obrigatório, incrível, a autora vai mais longe: ela mostra como as mulheres conseguem comandar uma família e uma profissão de uma forma que a maioria dos homens não consegue, ou sofrem horrores para conseguir. Como eles tentam, e, na maioria das vezes, conseguem, amedrontar e forçar aquilo que desejam pela força bruta ou pela ameaça física. Como um distúrbio psicológico, que se não for tratado, pode destruir uma relação e influenciar crianças, que não compreendem o que está acontecendo. E como essas mesmas crianças, por não compreenderem, começam a repetir, achando que não estão fazendo nada de errado.

Pequenas Grandes Mentiras é um livro extremamente bem escrito e com uma narrativa pulsante e emergente. Ele é minucioso nos detalhes, não na descrição, mas nos diálogos e nos comportamentos de cada personagem. Ao final, quando descobrimos quem morreu, e da forma que morreu e porquê morreu, testemunhamos não apenas a conclusão de uma história, mas como pessoas ligadas pela cumplicidade dos problemas da vida, e de um gênero sexual que sofre constantes abusos, conseguem ser fortes e unidas quando a necessidade impõe.

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Promoção: Jogo de Espelhos


Já falei para vocês que amei Jogo de Espelhos, de Cara Delevingne, publicado recentemente pela Editora Intrínseca? Posso até não ter usado essas palavras, mas tenho certeza que escrevi que considerei a "a leitura tão boa a ponto de já estar listada entre as melhores do ano" na resenha do livro. E é exatamente por isso que quero que todo mundo leia e, em parceria com a Editora, o Conjunto da Obra vai sortear um exemplar do livro para um leitor do blog.

Para participar é simples! Basta seguir o blog Conjunto da Obra pelo Google Friend Connect (clicar em "Participar deste site" na barra lateral direita) e preencher essa entrada no formulário. Depois, várias outras entradas serão abertas, para quem quiser ter ainda mais chances.

a Rafflecopter giveaway

As inscrições serão feitas por meio da ferramenta Rafflecopter. Para os que ainda têm dúvidas sobre como utilizá-la, podem ver este tutorial aqui. As inscrições são válidas até dia 10 de dezembro, e o resultado será divulgado em até 7 dias, neste mesmo post.

Após o resultado, o Conjunto da Obra entrará em contato com o vencedor por e-mail, que deverá ser respondido em até 24 horas. O exemplar será remetido pela Editora Intrínseca.

Boa sorte a todos!

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Como meu diário pessoal e secreto se tornou um sucesso - Julia DeVillers

Sinopse: Jane tem catorze anos e é uma adolescente como todas as outras. Mas, um dia, seu diário é lido em voz alta na classe e enviado para uma editora.De repente, o diário de Jane vira uma sensação, e ela se torna uma escritora de sucesso!
Da noite para o dia, a vida dela vira de cabeça para baixo: entrevistas, festas cheias de personalidades, assédio de fãs! Mas o melhor de tudo é que Marco Vega, o cara mais gatinho da escola, finalmente descobre quem ela é! (Isso mesmo! Marco Vega! Cabelo preto liso. Olhos cor de chocolate. Ele é tão...tão...gostoso. E poeta. Que profundidade! Que paixão!) Nesse romance bem-humorado, Jane descobre que entrar para o glamouroso mundo das celebridades muda tudo-mas as coisas que realmente importam são sempre as mesmas. (Skoob)
DEVILLERS, Julia. Como meu diário pessoal e secreto se tornou um sucesso. Melhoramentos, 2005. 247p.


Esse é um dos meus livros preferidos e eu tive sorte de ter encontrado ele porque foi numa livraria a qual eu fui pouquíssimas vezes e logo fechou, e eu nunca mais vi em livraria, em blogs, nada. Eu não sei se saberia da existência desse livro se não fosse assim. 

Quando eu li esse livro, eu me vi muito na Jane e eu tinha o sonho de ser escritora e ver alguém tão novo alcançando tudo isso foi bem legal. Óbvio que poderia também ter colocado falsas expectativas na minha cabeça, porque por mais que eu ame o livro, eu sei que não é muito realista. Porém eu não me lembro disso acontecer. E bom, acho que todos conhecemos pelo menos um exemplo de famoso mirim. E algum exemplo de pessoa de qualquer idade que teve sucesso meio que do nada.

O livro que Jane escreveu era sobre uma super-heroína que luta contra garotas que praticam bullying. Então, ela meio que se torna um modelo e uma heroína também para as fãs dela. E o livro em si também traz umas ideias bem positivas como de ir contra os padrãos de beleza. Inclusive, além das garotas da escola dela, o que a fez escrever essa história no diário foi como ela se sentia com relação ao corpo, seja pelo que as colegas diziam e também o que ela mesma sentia ao olhar para as famosas. Assim, ela criou a personagem Isabella, que é parte do que ela é, e parte de como ela queria ser: não se importar com a sua aparência, confrontar as pessoas que a perturbam. A Jane consegue ter seus momentos de IS (nome de heroína da Isabella), mas, como ela é humana, só depois de fazer várias coisas que a IS desaprovaria.

A parte da fama dela também é muito legal nesse aspecto porque ela vê que algumas das atrizes e modelos que ela admirava são tão feias por dentro quanto bonitas por fora, e até o clássico de que as que interpretam as vilãs que ela odeia são mais boazinhas que as que interpretam as mocinhas. 

Também tem toda uma parte de ela passar a ter agente, assessor, e eles quererem mudar várias coisas a respeito dela ao treinar ela para entrevistas e aparições e o quanto isso é irônico considerando o motivo pelo qual ela é famosa, e como ela vai lidar com isso com a auto-estima já baixa que ela tem. Além dos haters e ser sobrecarregada. Como meu diário pessoal e secreto se tornou um sucesso mostra praticamente tudo que artistas mirins/adolescentes enfrentam tirando drogas e assédio sexual.

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Ruínas de Gelo - Kel Costa

Sinopse: Uma nova ascensão.
Um elo de sangue sem precedentes.
Um poder capaz de transformar o mundo.
Na última parte da série Fortaleza Negra, Sasha precisa enfrentar as consequências de seus mais recentes atos. A caça aos mitológicos se intensifica e a jovem se torna peça fundamental na batalha que se aproxima.
Amor, amizade e lealdade se entrelaçam a cada nova decisão que precisa ser tomada antes que o cronômetro pare de rodar. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
COSTA, Kel. Ruínas de Gelo: O Confronto Final. Fortaleza Negra #3. Ler Editorial, 2017. 372 p.


Depois do final arrasador de Tempestades de Sangue, estava curiosa e receosa para conferir o que Kel Costa tinha preparado para o fim da série Fortaleza Negra no tão aguardado Ruínas de Gelo. Desde já, posso afirmar que o livro não decepcionou, mas percebi alguns pontos que poderiam ter sido melhor explorados para criar uma trama ainda mais surpreendente. Não foram, mas isso não tira o brilho da série e não diminui o fato de que Kel Costa tem uma escrita absurdamente viciante.

Repleto de ação, mistérios e romance, o terceiro volume volta com tudo que os anteriores tinham de melhor. Nada em exagero, mas o importante é que não deixa de lado aspectos que fizeram a série ser o que ela é. E é claro que alguns mistérios novos aparecem, só para temperar ainda mais a trama que já estava pegando fogo.

Sasha foi meu único problema durante a série, e já tinha comentado isso nas resenhas anteriores. A garota era irritante e intransigente e, se ela me irritava, não consigo nem imaginar o que os mestres sentiam. Porém, no segundo livro já tinha percebido uma evolução da personagem e agora foi ainda mais nítido o quanto Sasha amadureceu. Além de deixar de lado as motivações egoístas, ela começou a pensar no contexto, nas consequências de seus atos, o que a tornou uma personagem mais madura e responsável. Claro que a língua afiada continua lá, mas dessa vez só serviu para fazer rir um pouco.

"Eu me sentei na cama e a encarei. Apesar de cansada, seus olhos estavam fixos nos meus e mostravam um amadurecimento que eu não notei chegar. Sasha estava diferente, tinha um olhar duro e decidido. Tão nova e já havia suportado tantas dificuldades. Parecia muito distante daquela garota a quem eu precisava proteger e carregar no colo a todo instante."

Isso também contribuiu para o amadurecimento da relação a protagonista e de Mikhail. Os dois continuam a se provocar, mas esse deixou de ser o ponto central do relacionamento. Há cumplicidade agora, como se pudessem conversar como iguais e decidirem juntos os próximos passos. Ninguém precisa mandar ou obedecer. O vampiro bruto também está mais fofo, e algumas cenas entre os dois amoleceu completamente meu coração.

Assim como nos livros anteriores, Kel Costa também traz alguns capítulos narrados por outros personagens importantes, como Klaus, Kurt e Mikhail. Achei essas passagens bastante relevantes, em especial porque nos dá um ponto de vista diferente sobre o mesmo acontecimento. A parte mais divertida, porém, foi acompanhar os "maus tratos" que Klaus infligia a Kurt, que fazia o coraçãozinho do rapaz explodir de felicidade. Definitivamente, Kurt é o melhor personagem dessa série, e fico feliz que a autora tenha dado alguns momentos bons para ele. Também gostei muito da participação de Klaus nesse livro. De alguma forma, o mestre conseguiu me cativar e eu achei muito fofo a forma como ele se vinculou a Sasha.

"- Você não vai ouvir isso muitas vezes de mim, então ouça com atenção - ele fez uma pausa e me encarou. - Eu te amo, Aleksandra!"

Acho que o final do livro, por mais inesperado que fosse, tornou as coisas um pouco mais fáceis para Sasha, já que ela não teve que tomar, de fato, uma decisão. Fora o desentendimento com os pais, todos os outros possíveis problemas desapareceram e até Nadia, que podia dificultar bastante, teve que baixar a cabeça e aceitar. Ainda assim, Kel Costa conseguiu justificar os acontecimentos de forma bastante satisfatória e fez disso algo razoável.

A única reclamação que eu tenho, de fato, é que esse último volume se voltou para Sasha e deixou de lado todas as intrigas políticas que eu tanto tinha gostado no livro anterior. Temas como o tráfico de sangue e a captura dos traidores, que podiam ter rendido bons momentos e revelações, foram comentados muito superficialmente e continuaram sem resolução. Achei uma pena que tenha faltado esse fechamento.

De qualquer forma, Ruínas de Gelo foi uma leitura incrível, do tipo que nem se percebe passar, e deu um bom fechamento para uma série original e repleta de bons momentos. Com um pouquinho dos principais elementos que fazem uma boa trama, a série Fortaleza Negra é uma ótima opção de leitura para quem gosta de fantasia e quer curtir uma boa história escrita por uma autora nacional.


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Corpo - Audrey Carlan


Sinopse: "Eu te amo. Eu te quero. Eu nunca vou te deixar." Gillian Callahan entra em pânico só de ouvir esse tipo de frase. Por anos ela viveu uma relação abusiva com seu ex-namorado violento. Agora ela está livre e segura, trabalhando para uma fundação de apoio a mulheres vítimas de violência - a mesma que a resgatou e salvou sua vida. Gillian não quer saber de homem nenhum. Até conhecer Chase Davis, o presidente da fundação. O bilionário é tão sexy e sedutor que Gillian fica sem chão. Chase sempre consegue o que quer - e ele quer Gillian.Agora ela terá de enfrentar a batalha entre o desejo e o medo. Gillian vai conseguir confiar em Chase? Ela está segura com ele? E quão perigoso pode ser um passado sombrio... não só o dela, mas o do homem que ela aprendeu a amar? (Skoob)


Livro recebido como cortesia da Editora
 CARLAN, Audrey. Corpo. Editora: Verus, 2017. 364 p.


"Uma nova vida. Um novo amor. Um perigo real."

Corpo é o primeiro volume da série Trinity, escrito pela autora Audrey Carlan, que ficou conhecida aqui no Brasil pela série A garota do calendário, também publicada pela Editora Verus. 

Gillian tem um passado traumático e marcado por muita violência, ela sofreu abusos físicos e psicológicos de um ex-namorado e quase foi morta pelo mesmo. Tentando seguir em frente sua vida, ela passa a ser parte de uma fundação que cuida de mulheres que foram vítimas de violência doméstica, com o intuito de ajudá-las a se reerguer e deixar o passado para trás. 

Na noite anterior a uma reunião, ela conhece o presidente da fundação, Chase. A química entre eles é forte e explosiva, porém, com seu passado conturbado, Gillian tem medo de homens que, assim como ele, exalam poder e acaba saindo, com medo de se envolver.

"Eu só quero uma vida normal - uma vida sem dor."

Mal sabe ela que o homem que despertou seu corpo como ninguém antes é ninguém menos que seu chefe e presidente da fundação, um homem podre de rico que não aceita um não como resposta e está disposto a fazer de tudo para tê-la em sua cama. 

Chase é um personagem um tanto que estereotipado: ele é bonito, rico e um deus grego na cama, mas ele se mostrou um personagem incrível. Ele é bem resolvido em relação aos seus sentimentos e isso para mim foi uma surpresa, afinal, livros com uma trama como essa na maioria das vezes trazem personagens masculinos que não querem relacionamentos e guardam muitos segredos, o que não acontece muito aqui. 

Chase tem uma veia possessiva e para Gillian lidar com isso foi difícil porque, querendo ou não, ele a fazia lembrar do seu passado, porque para ela posse não é amar, é dor e sofrimento. O amadurecimento do casal no decorrer da trama foi incrível, ela se descobrindo uma nova mulher e aprendendo a lidar com tudo o que já lhe aconteceu e ele sendo um dos seus portos seguros. 

"Eu gosto que ele seja ciumento e possessivo. Toda garota precisa de um pouco disso para se sentir desejável. Desde que ele mantenha o ciúme no nível mínimo, vamos ficar bem."

Gillian é uma mulher que, sem dúvida, é digna de admiração, ela teve um passado bem difícil e, apesar de até hoje ainda sofrer as consequências do ocorrido, tenta sempre seguir em frente sem se deixar abater, afinal, ela tem que ser forte para ajudar mulheres que assim como ela sofreram esse tipo de violência. 

Como comentei anteriormente, Chase é bem possessivo e em 75% do tempo isso não foi exatamente um problema para mim. No entanto, em algumas partes, eu realmente não conseguir aceitar e engolir a maneira como ele queria tomar controle da vida dela, minha vontade era de sacudi-lo e mandá-lo parar. 

Eu gostei como a autora falou de assunto tão atual, que é a violência, e mostrou de maneira nada sutil as consequências que isso deixam na vida das pessoas que sofrem. Ela aborda assuntos como abuso, estupro e violência física e psicológica por meio de vários relatos do passado de Gillian e só aqui percebi o quanto de resiliência ela precisou ter para continuar seguindo em frente. 

"- Corpo, mente e alma são importantes para nós quatro, mas para mim, particularmente, a tatuagem representa o passado, o presente e o futuro. Elas sempre vão fazer parte do meu passado, do meu presente e do meu futuro também."

O desenvolvimento dos personagens secundários foi incrível, temos vários personagens como: Bree, Kat e Maria, que são melhores amigas de Gillian e seu porto seguro nos momentos difíceis. Um ponto que para mim foi bem positivo é o fato de que a autora não teve medo de explorar a sexualidade da personagem. Isso pode ser um pouco contraditório, levando em conta o tema central do livro, mas, ainda assim, foi algo que não fugiu muito do que eu já esperava.

O segundo livro já foi lançado e tem como nome: Mente, eu estou bem ansiosa para saber os acontecimentos dos próximos livros. Recomendo a leitura, para quem gosta de livros eróticos, com drama e uma bonita história de superação.

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Corte de Espinhos e Rosas - Sarah J. Maas

Sinopse: Em Corte de Espinhos e Rosas, um misto de A Bela e A Fera e Game of Thrones, Sarah J. Maas cria um universo repleto de ação, intrigas e romance. Depois de anos sendo escravizados pelas fadas, os humanos conseguiram se libertar e coexistem com os seres místicos. Cerca de cinco séculos após a guerra que definiu o futuro das espécies, Feyre, filha de um casal de mercadores, é forçada a se tornar uma caçadora para ajudar a família. Após matar uma fada zoomórfica transformada em lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação. Arrastada para uma terra mágica e traiçoeira que ela só conhecia através de lendas , a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, senhor da Corte Feérica da Primavera. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la... Ou Tamlin e seu povo estarão condenados. (Skoob)
MAAS, Sarah J. Corte de Espinhos e Rosas. Editora Galera, 2015. 434 p.

Após muito prolongar a leitura de Corte de Espinhos e Rosas, aproveitei que uma amiga estava lendo e a acompanhei. Eu não sabia bem o que encontraria, mas fiquei surpreso por se tratar, na sua maior parte, de uma releitura do clássico A Bela e a Fera. Existem trechos que são muito parecidos, além do casal principal, óbvio. Entretanto, também existe muita coisa diferente, como o mundo onde se passa a história, os poderes dos personagens, a presença de vários monstros e inimigos, além de toda uma fantasia que é bastante original e intrigante.

A relação entre o casal principal, Feyre (a Bella) e Tamlin (a Fera), segue o mesmo roteiro do clássico infantil: medo, repulsa, aceitação, curiosidade, simpatia, admiração e, finalmente, amor. A forma como tudo isso acontece é natural, sem pressa, convincente. Aliás, essa é uma das características positivas da obra: a autora narra tudo sem pressa, com os detalhes necessários para o leitor se acostumar e aceitar as coisas fantásticas que estão acontecendo, e tudo isso sem ser maçante, ou ter partes desnecessárias, o que é difícil de se conseguir.

Feyre é uma garota autoritária, atrevida, que não aceita as coisas de forma diferente daquelas que ela planeja. Isso se deve ao fato de carregar nos ombros a responsabilidade de prover alimento e proteção para seu pai e as duas irmãs. Essa personalidade se mantém por toda a história, e somada à coerência das decisões que Feyre toma, demonstra o cuidado que a autora teve com seus personagens.

Tamlin é inicialmente o vilão que se transforma em herói ao longo da história. Por quase todo o livro, ele é a presença ameaçadora que mantém todos ao seu redor protegidos das ameaças externas, ao mesmo tempo que consegue demonstrar um carinho e uma paixão por Feyre. Essa dureza em choque com sua leveza é a mesma do clássico infantil, e funciona muito bem no livro.

Apesar de Feyre e Tamlin serem os personagens principais, dois secundários roubam o interesse do leitor de forma inequívoca: Lucien, o amigo mais próximo de Turien e seu braço direito; e Rhysand, o inimigo natural de Tamrin.

O leitor nunca sabe quem é Lucien. Ele gosta de Feyre? Ele odeia? Ele realmente é amigo de Turien? Ele tem algum plano secreto? Ele é mau? Ele é bom? A dualidade do personagem conquista na mesma proporção que surpreende. Ao mesmo tempo que ele ajuda Feyre, nessa atitude ela acaba entrando em perigo. Da mesma forma que ele é simpático, ele consegue ser ameaçador. Não há como ficar impassível diante do personagem. Excelente!

Já Rhysand, apesar de ser o inimigo do herói do livro, consegue criar uma empatia com o leitor por suas atitudes com Feyre e por demonstrar que, no fundo, ele não é tão mau assim. Ele poderia até conseguir ser mais interessante que Lucien, mas a autora cria um interesse romântico com Feyre, formando um triangulo amoroso que diminui a força do personagem.

E esse é um dos pontos negativos da obra: o triangulo amoroso. Realmente não há qualquer necessidade dele existir. Fica definido de forma bastante convincente que Feyre ama Tamlin, e lá para o fim do livro, quando Rhysand aparece e demonstra interesse em Feyre, fica algo deslocado, forçado, principalmente as coisas que acontecem em uma determinada prisão.

Deslocado também ficam algumas partes mais quentes do romance de Feyre com Tamlin. Tentar explicar: no meio da história, quando o casal já está apaixonado de forma tão inocente quanto o clássico infantil, a autora solta uma frase de Feyre: senti um molhado entre as pernas. Eu meio que arregalei os olhos e estranhei algo tão explícito de uma hora para outra, uma vez que até aquela parte, não havia nada de hot na história. E depois dessa parte, aparecem mais duas ou três com descrições de seios nus, garras e dentes afiados nos seios e em outras partes do corpo. Ficou muito estranho, deslocado. Foi como assistir ao desenho da Disney e ver a Bella transar com a Fera.

Ainda preciso reclamar de mais um ponto, que é sobre a verdadeira vilã da história, que só aparece no final. Ela é patética. E as atitudes que ela toma, quando está com toda a situação controlada, são dignas daqueles vilões megalomaníacos que fazem de tudo para serem vencidos pelo herói. Desfalcou a intensidade da aventura e descaracterizou a força dos personagens.

Mas, apesar desses percalços, o saldo ainda é positivo, e confesso que gostei do livro. Tanto que pretendo ler o segundo volume, onde já me contaram que não existe mais o triangulo amoroso e onde os acontecimentos são muito melhores. Ainda bem!

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Promoção: Aniversário Roendo Livros


Sentiram falta de promoções novas aqui no blog? Pois é, acho que estou precisando trazer mais sorteios, mas por hoje o assunto está resolvido!

Para comemorar os quatro anos do blog do Roendo Livros, a Ana pediu uma super ajuda para as editoras e blogs parceiros e montou quatro sorteios, um em cada domingo do mês. Cada promoção presenteará um leitor sortudo com livros mais que incríveis. Esse é o segundo sorteio, os demais podem ser acompanhados lá no Roendo Livros.

Parceiros Participantes 

Grupo Companhia das Letras: O Beijo Traiçoeiro (Erin Beaty) & O Bazar dos Sonhos Ruins (Stephen King)
Conjunto da Obra: Respeitável Público (Henrique Schneider)
Refúgio Literário: Notas Sobre Ela (Zack Magiezi)
Livros & Seriados: O Destino do Tigre (Colleen Houck)

Prêmios


Regras

- A promoção terá duração de um mês, do dia 12/11 ao dia 12/12;
- As opções obrigatórias valem 1 ponto cada, enquanto as opcionais valem 5 pontos cada;
- A entrada "tweet about de giveaway" só será válida se a pessoa estiver seguindo todos os os Twitters;
- Na opção "Visitar a Página" não basta apenas passar por ela, é preciso curtir;
- Após o término da promoção, o Roendo Livros tem até sete dias úteis para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito;
- Após feito o contato, o prêmio será enviado dentro de até 60 dias úteis;
- É obrigatório residir em território nacional ou ter endereço de entrega no Brasil;
- Os livros serão enviado pelos parceiros, sendo assim, o Roendo Livros não tem nenhuma responsabilidade sobre o envio dos mesmos;
- O Roendo Livros e os parceiros não se responsabilizam por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados nos livros. Assim como não se responsabilizam por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e/ou ausência de recebedor. Os livros não serão enviados novamente;
- O Roendo Livros se reserva ao direito de dirimir questões não previstas neste regulamento;
- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita. 

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Nunca Deixe de Acreditar - Christina Rickardsson

Sinopse: Eu nasci no Brasil e vivi em uma caverna até os meus cinco anos de idade. Mais tarde, minha mãe e eu nos mudamos para uma das inúmeras favelas da cidade de São Paulo. Aprendi desde cedo a não confiar na polícia e nem em outros adultos. Fui obrigada a cuidar de mim mesma e do meu irmãozinho antes de, finalmente, irmos parar em um orfanato. Um ano depois, quando eu tinha oito anos de idade, fui adotada por uma família sueca de Vindeln, em Västerbotten. Em Nunca deixe de acreditar, Christina conta a história de sua vida como menina de rua no Brasil, da fome que passou, de como foi maltratada e da separação de sua mãe biológica e de seu país. Além disso, conta como foi crescer na Suécia com todos os choques culturais com os quais se deparou assim que chegou à pequena cidade localizada na região de Norrland. A autora revela como conseguiu, já na idade adulta, superar os seus traumas de infância e reconstruir sua vida. Quando sente que necessita repor as forças e as energias, ela dispõe de um truque muito especial: salta de paraquedas de um avião, praticando a queda livre durante sessenta segundos, até que o paraquedas se abra. Saber cair em pé é útil em todas as ocasiões! Aumentar a consciência e a compreensão das diferenças, dos preconceitos e do choque cultural é um dos objetivos da jornada de Christina e, ao fazê-la, construir pontes para criar diálogo, tolerância e abertura na sociedade. Esta é uma comovente história sobre amor, tristeza, amizade e perdas. Christina fala de sobrevivência, de como dois mundos totalmente diferentes contribuíram para a sua formação e de como lutou para unir as duas pessoas que tinha dentro de si mesma. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
RICKARDSSON, Christina. Nunca Deixe de Acreditar. Editora: Novo Conceito, 2017. 256 p.


Quando pedi o livro Nunca Deixe de Acreditar, não imaginei que seria uma leitura tão marcante para mim. Só me interessei pelo livro porque a autora nasceu em Diamantina – MG, que é onde eu moro atualmente, mas ela conseguiu me surpreender ao longo da narrativa.

Christina Rickardsson é uma mulher brasileira e sueca que já passou por muitas coisas difíceis na vida, a maior parte delas antes dos oito anos de idade. Ela nasceu em Diamantina, uma cidade histórica no interior de Minas Gerais, lá ela morava em uma caverna com sua mãe e de vez em quando iam até a cidade pedir dinheiro e comida. Elas ficaram na caverna por muito tempo, até que foram perseguidas e tiveram que sair. Então elas foram para São Paulo, onde moravam na rua e, posteriormente, Christina e seu irmãozinho, Patrique, foram para um orfanato onde viveram por um ano, até serem adotados por um casal sueco.

Uma das coisas que mais me surpreenderam ao longo da leitura foi como, mesmo nas situações mais precárias possíveis, Christina e sua mãe eram felizes e amavam muito uma a outra. Uma era tudo que a outra tinha nas cavernas e a autora retrata esse tempo como um tempo muito feliz de sua vida. Esse começo da história me envolveu bastante e eu fiquei sinceramente impressionada em como as duas levavam a vida e consegui imaginar cada dia, cada palavra que Christina retratava. Percebi que algumas coisas, infelizmente, não mudaram muito por aqui, coisas que, antes de conhecer a história da autora, eu nem percebia que aconteciam bem debaixo do meu nariz.


Esta é a segunda biografia que eu leio e devo dizer que foi bem difícil. Não porque a escrita da autora é ruim ou porque sua história não é interessante. Tive dificuldade em ler porque é uma história difícil. Como eu já disse, tem certas coisas na vida que nós sabemos que acontecem, bem perto de nós, mas não nos importamos com elas porque não nos afeta diretamente. A vida de Christina no Brasil foi muito sofrida e cada dia era uma luta para sobreviver, ela já perdeu muita gente nessa batalha e saber que tudo de fato ocorreu é doloroso para o leitor que vive próximo a essa realidade.

Fiquei muito impressionada com a vida que Christina teve em São Paulo. Não estou defendendo as atitudes erradas daqueles que vivem nas ruas, mas a autora nos traz uma nova perspectiva, uma visão de mundo que nos faz pensar duas vezes antes de reclamarmos do que temos e também nos faz pensar em como nós tratamos aqueles que não têm tanto quanto nós. A mentalidade da protagonista, desde criança, é de se encantar, sua curiosidade, sua fé e seu modo de ver o mundo são únicos.


A perspectiva de Christina fez com que eu mudasse meu jeito de ver o mundo e também me ajudou a pensar um pouco em como tive sorte na vida. Nunca Deixe de Acreditar me surpreendeu muito, foi uma leitura despretensiosa que me levou em um carrossel de emoções e me deu muito em que pensar. É uma leitura que todos que tiverem a oportunidade devem fazer.


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Novidades #181: Lançamentos Editoras Parceiras

Oi meus queridos! Como vocês estão?

Hoje quis trazer alguns dos lançamentos das Editoras Parceiras aqui do blog, até porque mês novo significa livros novos, não é mesmo? Lembro que não trouxe todos os lançamentos do mês, apenas alguns que eu achei mais interessantes. Quem quiser conhecer um pouquinho mais sobre eles, basta clicar na capa:

Editora Intrínseca


Editora Arqueiro


Editora Angel




Quais vocês gostariam de ler?

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Nossa Música - Dani Atkins

Sinopse: Ally e Charlotte poderiam ter sido grandes amigas se David nunca tivesse entrado em suas vidas. Mas ele entrou e, depois de ser o primeiro grande amor (e também a primeira grande desilusão) de Ally, casou-se com Charlotte.
Oito anos depois do último encontro, o que Ally menos deseja é rever o ex e sua bela esposa. Porém, o destino tem planos diferentes e, ao longo de uma noite decisiva, as duas mulheres se reencontram na sala de espera de um hospital, temendo pela vida de seus maridos. Diante de incertezas que achavam ter vencido, elas precisarão repensar antigas decisões e superar o passado para salvar aqueles que amam.
Com a delicadeza tão presente em seus livros, Dani Atkins mais uma vez nos traz uma história de emoções à flor da pele, um drama familiar comovente que não deixará nenhum leitor indiferente. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
ATKINS, Dani. Nossa Música. Editora Arqueiro, 2017. 368 p.


Escrever uma resenha para Nossa Música, de Dani Atkins, será uma tarefa árdua para mim. O livro mexeu tanto com meu psicológico que cheguei a sonhar com sua trama e sofrer mesmo quando não estava lendo. Terminei a leitura há quase uma semana e, ainda assim, não consegui digerir completamente todos os acontecimentos e é difícil colocar em palavras algo que eu senti com tanta intensidade.

O livro é narrado em primeira pessoa por Ally e Charlotte, intercalando as passagens por seus respectivos pontos de vista, tanto no passado quanto no presente. No presente, uma irônica trapaça do destino coloca as duas frente a frente em uma noite difícil em que seus maridos estão na UTI entre a vida e a morte. A partir das lembranças, que não seguem uma ordem cronológica, as duas refazem a história que as levou até ali e deixam claro porque foi tão difícil se reencontrarem depois de tantos anos.

"O que mais me assustava era que estava ficando de repente muito mais difícil me lembrar por que eu odiava David e muito mais fácil recordar por que eu o amara."

É difícil falar do que eu achei do livro sem contar um pouco do enredo, então espero que me perdoem se eu deixar escapar algo fundamental, mas acredito que isso não vá acontecer, pois a trama é até um pouco previsível. O que a torna especial, de fato, é a escrita de Dani Atkins, que consegue colocar emoção em cada linha e nos aproximar dos personagens com muita facilidade. Por conta dessa característica da autora, não consegui culpar ou odiar nenhum personagem. Claro que não concordei com diversas atitudes deles e acho que tudo foi muito injusto com Ally, do começo ao fim, mas pude compreender o porquê de as coisas terem acontecido como aconteceram.

No início, imaginei que iria torcer por Ally e por David, mas sinceramente acho que o tempo deles já tinha passado. Só o fato de ele ter deixado Ally ir da forma como deixou tirou do personagem todo o brilho que parecia ter, já que alguém que dizia amar tanto não abriria mão tão fácil e, ao menos, tentaria. Ele me decepcionou por sua passividade e, em vez de demonstrar ser a pessoa determinada que parecia ser, só comprovou ser um garotinho rico mimado. Acho que isso ofuscou um pouco do que a trama dos dois poderia ter sido e tornou a sequência - Charlotte - ainda mais sem graça.

Charlotte foi a parte mais difícil da história. Acompanhar suas passagens não foi tão animador - ela era aquele tipo de pessoa sempre à espera, sempre à espreita. Ela não fez nada de interessante o livro todo além de circundar até conseguir o que queria, embora fizesse o tipo menina boazinha para dizer que não foi sua culpa. A personagem não me gerou ódio nem nada assim, até porque ela simplesmente estava ali, mas se tornou a segunda opção que aceitou ser exatamente isso. Em outras palavras, foi uma personagem sem graça totalmente ofuscada pela presença de Ally.

"- Por que está me contando isso? Por que agora? Esta noite? Tudo isso aconteceu há muito tempo. A vida seguiu em frente para todos nós.
- Seguiu? Às vezes não tenho muita certeza. Talvez o passado não esteja tão apagado quanto você pensa. Talvez ainda haja segredos escondendo-se em cantos escuros. Talvez seja a hora de eles se revelarem."

Ally, aliás, tem o tipo de brilho que irradia. Que personagem incrível Atkins conseguiu construir. Força, determinação, foco e vontade são apenas algumas das qualidades dessa protagonista, que lutou pelo que queria ao seu próprio modo e independente do quanto doesse. O que mais me doeu foi que em alguns momentos ela só queria um gesto e não recebeu nada, mas mesmo quando perdia a personagem sabia reconhecer e saía disso de cabeça erguida, por saber que fez tudo o que podia. Diferente de Charlotte, Ally era guiada por suas emoções - ela era explosão, bravura, luta, mesmo no silêncio. E Joe trouxe brandura para sua vida.

Infelizmente, Joe ficou um pouco deixado de lado na trama. Só mais para o final do livro é que foi possível conhecer melhor o personagem e, mesmo tendo tão pouco dele, consegui me apaixonar por aquele homem. Se o mundo tivesse mais Joes, seria um lugar muito melhor, definitivamente, porque com sua paciência e sua entrega incondicional, é impossível não querer ser também uma pessoa melhor. Queria que a autora tivesse trazido mais dele, mais cenas entre ele e Ally, mais detalhes desse personagem tão incrível.

Ao contar a história desses quatro personagens, Atkins mostra que a vida nem sempre segue o rumo que queremos, mas que ela pode trazer coisas ainda melhores do que poderíamos pedir. A autora também mostra o quanto é preciso apreciar e vivenciar o presente, porque o passado não pode ser alterado e desejar algo que não se tem impossibilita que outras coisas boas sejam vivenciadas.

Nossa Música me despertou sentimentos intensos e conflituosos, mas trouxe principalmente o lembrete de que tudo pode mudar a qualquer momento. Com uma escrita delicada e cheia de nuances, Dani Atkins construiu uma história linda, dramática e cheia de mensagens para a vida.


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Leituras do Mês: Outubro


Ei peops, como vocês estão? E como foram as leituras em outubro? As minhas foram ótimas e, dos cinco livros que eu li, três me encantaram completamente ♡

Já se deram conta que estamos rumo ao último mês do ano? Estou assustada, de fato. Mas vou aproveitar para fazer os últimos dias do ano serem ótimos e repletos de leituras boas!

O primeiro livro de outubro foi Tempestades de Sangue, segundo livro da trilogia Fortaleza Negra, publicado pela Ler Editorial. Estou completamente apaixonada por essa série e, no momento, estou lendo o terceiro volume.

Em seguida li Romance entre rendas, da Editora Arqueiro. Como contei na resenha, o quarto livro da série As modistas foi um bom fechamento, mas não me conquistou tanto quanto esperava.

Li ainda Música do Coração, que recebi em parceria com a Editora Pandorga. Estava louca de vontade de ler um new adult, mas tenho percebido que eu sempre me irrito muito com esse gênero. Contei tudo que senti ao ler o livro lá na resenha.

Outro livro que me fisgou e me surpreendeu foi Jogo de Espelhos, da Editora Intrínseca. Eu fiquei totalmente tonta com a surpresa trazida no meio do enredo e adorei essa sensação. Também tem resenha dele aqui.

A última leitura do mês foi Nossa Música, da Editora Arqueiro. Minha opinião sobre o livro provavelmente será publicada ainda essa semana.

Outras resenhas também foram publicadas pelos colunistas. O Carlos resenhou Meu Livro. Eu que escrevi., Nova Era, Valerian, A longa viagem a um pequeno planeta hostil e O conto da aia. A Marlene publicou resenhas de As coisas que fazemos por amor e Fique Comigo, e a Marcelle comentou Fade e Gone.

Já leram algum desses?

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