Origem - Dan Brown

Sinopse: De onde viemos? Para onde vamos? Robert Langdon, o famoso professor de Simbologia de Harvard, chega ao ultramoderno Museu Guggenheim de Bilbao para assistir a uma apresentação sobre uma grande descoberta que promete "mudar para sempre o papel da ciência". Em meio a fatos históricos ocultos e extremismo religioso, Robert e Ambra precisam escapar de um inimigo atormentado cujo poder de saber tudo parece emanar do Palácio Real da Espanha. Alguém que não hesitará diante de nada para silenciar o futurólogo. Numa jornada marcada por obras de arte moderna e símbolos enigmáticos, os dois encontram pistas que vão deixá-los cara a cara com a chocante revelação de Kirsch... e com a verdade espantosa que ignoramos durante tanto tempo. (Skoob)
BROWN, Dan. Origem. Editora Arqueiro, 2017. 432 p.

O sucesso de um livro, às vezes, pode ser mais prejudicial do que benéfico. Ainda mais se esse sucesso for estrondoso, como foi com Código Da Vinci, um livro praticamente perfeito para o gênero. Brown tentou repetir o feito com O Símbolo Perdido, que embora seja interessante, não chegou perto do anterior. Inferno, seu livro seguinte, mostrou que o autor estava sem ideias, uma vez que a maior parte da história mais parece um guia turístico, e a trama que move os poucos acontecimentos, é ridícula. Então, chegamos a Origem, seu mais recente lançamento. Nele, Brown ainda tenta repetir o feito de seu maior sucesso, mas, desta vez, ele parece não ter uma pressão enorme sobre os ombros, consegue criar coisas diferentes e tocar em assuntos atuais, que transmitem alguma esperança e tem a qualidade de emocionar.

Edmond Kirsch, um renomado cientista ateu, descobre algo que poderá destruir com todas as religiões, Robert Langdon é envolvido na descoberta, Ambra Vidal, noiva do príncipe Julián e futura rainha da Espanha, é a curadora do museu onde se dará a revelação da descoberta, o bispo espanhol Valdespino, junto com um rabino e um erudito muçulmano, são contra a revelação e estão abalados pelo que poderá acontecer, e um almirante aposentado serve de assassino contratado para silenciar Kirsch. Ou seja, para quem já leu os últimos livros de Brown, o tabuleiro é o mesmo, só mudaram os nomes de alguns peões.

Mas, felizmente, existem algumas coisas que conseguem trazer um pouco de frescor à trama. O leitor não é mais entulhado de descrições de locais turísticos, uma vez que os acontecimentos mudam pouco de local.

A Igreja Católica, representada pelo bispo Valdespino, é dada como a grande vilã, mas temos surpresas quanto a isso. Inclusive, o trecho final entre o bispo e o rei da Espanha, é sensível, dotado de um carinho tocante e com uma representatividade que é muito bem-vinda.

O almirante espanhol tem seus motivos para aceitar a missão que lhe é incumbida, motivos esses que também trazem discussões atuais sobre o que está acontecendo na Europa por causa dos atentados terroristas.

Ambra, a futura rainha espanhola, não é uma mulher indefesa, mas, pelo contrário, é decidida, toma suas próprias decisões, inclusive contra a vontade do príncipe, e não se deixa ser salva por Langdom, ela mesma se vira.

Kirsch, o perpetuador de tudo, é um representante do que mais existe hoje em dia, nerds que tiveram sucesso na vida devido à inteligência e ao trabalho duro.

E, por fim, chegamos a um personagem que ainda não citei, mas que até o final do livro, torna-se o mais importante de ORIGEM: Winston, uma inteligência artificial que interage e ajuda Langdon por toda a história. Ele lembra, muito, o computador HAL 9000, do livro 2001 Uma Odisséia no Espaço, mas com uma forma mais sofisticada de se comunicar verbalmente. Muitas das coisas que ele faz para ajudar ou descobrir coisas, são realmente possíveis hoje em dia, então não fique espantado ou incrédulo quando ler. Mas a importância dele na trama vai além de sua intromissão na solução dos problemas.

Abrir um parêntesis para exemplificar o que quero dizer. Este ano, a FAIR (Facebook Al Research), uma divisão de pesquisas do Facebook, criou uma inteligência artificial para simular situações de negociação entre dois agentes financeiros fictícios. A função do programa era colocar esses dois agentes conversando entre si para que chegassem a soluções que melhor atendessem aos dois, com o objetivo de ajudar os pesquisadores a entenderem como duas pessoas podem negociar de maneira mais construtiva. Para isso, ela utilizaria do inglês como língua de comunicação entre os dois agentes. Com o tempo, o programa decidiu por si próprio, que o inglês não era produtivo o suficiente, e criou uma linguagem própria para os dois agentes. Embora a nova linguagem fosse incompreensível para nós, ela era mais eficiente para os dois agentes, e, com ela, eles conseguiam um resultado melhor. Então, o Facebook achou melhor desativar o programa. O.O

Depois do fato acima, não duvide, nem por um segundo, do que você irá ler em Origem sobre Winston. Estamos chegando a um nível de tecnologia onde uma inteligência artificial poderá ser capaz, sim, de tomar decisões, e executar essas decisões para que consiga atingir sua diretriz primária, independentemente das consequências e da moral de tais decisões.

Eu considero Brown um dos autores mais criativos da atualidade, com uma escrita envolvente e com o dom de saber criar no leitor a expectativa para o que vai acontecer, obrigando a leitura de páginas atrás de páginas. Infelizmente, ele está preso a uma receita de enredo que limita sua criatividade. Como fã, anseio que ele enxergue que é capaz de criar mistérios e aventuras sem precisar de uma fórmula pré-estabelecida, e, com isso, volte a surpreender seus leitores. Origem é um exemplo de como ele pode diversificar, mesmo estando preso a uma linha de ação por medo ou comodidade.

Ah, e sobre a tal revelação bombástica, ela acontece, não tenha medo, mas nem de perto tem a possibilidade de destroçar as religiões. Entretanto, ela é suficientemente interessante e atual para fazer o leitor pensar, e pensar bastante. Como se trata de uma obra de ficção, você pode achar que a revelação é exagerada, mas não é. Basta uma rápida busca no Google pelo nome do cientista que Kirsch menciona, para ver que existem diversos estudos e pesquisas em andamento sobre o assunto.

Mas o mais curioso, para quem acha, erroneamente, que Brown tenta ofuscar a religião e a existência de Deus, é que ele faz com que Langdon, no final do livro, solte um raciocínio que inviabiliza de forma lógica a revelação de Kirsch, ou melhor, ele a completa com um pensamento que confirma sua verdade, mas adiciona a fé em cima. E isso é sensacional!
Carl
Carl

7 comentários:

  1. Olá! Estou doida pra ler esse livro, curto muito a escrita de Dan Brown, amei Código Da Vinci, essa sua resenha me deixou ainda mais curiosa em conferi isso tudo que foi dito aqui.

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  2. Oi Carl!
    Ainda não li os livros, tenho um pé atrás com o gênero, mas pretendo mto conhecer, até pq ouvi flar mto bem, quem sabe eu mude de ideia né...
    Bjs!

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  3. Ola, Eu sempre quis ler algum livro do Dan Brown, mas infelizmente ainda não tive oportunidade, já li muitos elogios de suas obras e sei que irei gostar, pois envolve assuntos que me agradam, todos comentam que sua escrita é muito envolvente e prende o leitor com a expectativa para saber o que vai acontecer, quero muito ler o livro e conhecer essa escrita tão elogiada!!
    Bjs!!

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  4. Li o código da Vinci e gostei, é uma pena Inferno deixar a desejar não li, tenho vontade de ler Origem, Fiquei bem curiosa com essa revelação imaginando o que poderia ser ainda mais que deixa o leitor pensando sobre o assunto. Gostei dessa rainha espanhola por ser uma personagem forte e decidida.

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  5. Carl!
    Jásou bem fã do Robert Langdon e claro do Dan Brown, porque gosto muito das questões que levanta em seus livros, principalmente sobre religião e como elabora todo enredo voltado para a utilização dos conhecimentos de Langdon. E agora tudo se passa na Espanha, já fiquei empolgada.
    Uma pena que achou ter faltado algo e não foi empolgante como os anteriores.
    Ainda assim, quero ler.
    Desejo uma ótima semana!
    “A poesia contém quase tudo que você precisa saber da vida.” (Josephine Hart)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!

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  6. Tô doida pra ler esse livro, e após essa resenha fiquei mais curiosa ainda :D

    http://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/

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  7. Olá! Eu já fui muito fã do Dan Brown mas perdi a fé nele desde Inferno. É um autor que realmente segue receita de bolo e isso é muito irritante depois de alguns livros. Vou ler Origem porque é o livro de dezembro do clube do livro que eu participo, mas só por isso mesmo. Fico aliviada de saber que ele fez algumas inovações, como você disse, apesar de eu já esperar pelo pior.
    Beijos.

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