Promíscuo ser de partitura finita - Cris Coelho

Sinopse: Duas vidas entrelaçadas por um mesmo propósito. Um carma que é passado por diferentes gerações unindo duas mulheres em épocas distintas. De um lado, está Maria Scarlet, uma prostituta de um passado distante que, após apanhar muito da vida, consegue se estabelecer como dona de um bordel. Com o tempo, o bordel ganha fama e se torna referência na pacata Holanda de 1750, derivando a qualidade de seu nome para a rua a qual o estabelecimento funcionava: “Red Street”, atualmente conhecida como “Red Light”. Do outro lado, está Anna Lara, uma mulher frágil e atormentada pelas lacunas do seu sombrio passado. Com o suporte de Maria Scarlet, Anna Lara cria defesas emocionais por meio da energia sexual que recebe de sua protetora e se torna participante ativa e assídua de toda forma de desvio sexual, ao lado de seu parceiro de vida, Jota Jr. Em um enredo psicológico completamente envolvente, Anna Lara esbarra nas lacunas sexuais escondidas nas partituras não terminadas de um universo promíscuo e misterioso. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
COELHO, Cris. Promíscuo ser de partitura finita. Editora Pandorga, 2017. 160 p.


Acredito que dificilmente teria lido Promíscuo ser de partitura finita, de Cris Coelho, se não tivesse recebido o livro como cortesia da Editora Pandorga. Tenho evitado romances eróticos nos últimos meses, pois só tenho encontrado mais do mesmo, e tinha a impressão de que a leitura não me conquistaria. Mas o livro estava ali, eu estava indecisa sobre o que ler, e as poucas páginas me convenceram a finalmente iniciar a leitura.

A primeira coisa a se tomar conhecimento sobre o livro é que suas poucas páginas enganam. A fonte pequena e a escrita concisa da autora conseguem incluir muito conteúdo em poucas linhas. Por essa razão, em 160 páginas, há muita história, passado e presente, vivências e lembranças. Na trama, ao mesmo tempo que acompanhamos a vida de Anna Lara no presente, o enredo resgata passagens de sua infância e os mistérios da mulher que a acompanha: Maria Scarlet. Desde o início, é possível perceber que a vida das duas estão entrelaçadas, mas as explicações para isso começam a aparecer mais para o final do livro, embora não sejam completamente entregues, já que o livro sugere a existência de uma continuação.

A narrativa concisa da autora não significa uma leitura simples e objetiva. Cris Coelho abusa das figuras de linguagem e da poesia, dando ao texto um toque sofisticado. É engraçado porque, ao mesmo tempo que enfeita as passagens de sua narrativa, consegue construir algo visceral e simples, sem se preocupar com as palavras ao narrar as minúcias da vida promíscua de Anna Lara. O texto consegue, numa mesma linha, ser refinado e belo, mas sujo e absurdamente carnal.

Aliás, as cenas eróticas criadas pela autora não são nada romantizadas e nem buscam envolver com narrações cheias de dedos e toques. Tratam-se pele e fogo, só isso, sem pudor. É algo cru, sem limites, sem barreiras, e qualquer fantasia, por mais escrota que possa parecer, pode ser incluída, sem julgamento. E é nesse aspecto que esbarra a questão principal do livro: Anna Lara se divide entre a vontade de se entregar a esse fogo e a sensação de que o que faz é errado, principalmente por conta dos ensinamentos religiosos que recebeu.

A religião é outro ponto bem debatido na obra, e se irradia para várias outras situações descritas no contexto. São citadas características da Umbanda, do Candomblé, do Espiritismo, da Igreja Evangélica, entre outras. Nesse aspecto, senti que a autora podia ter feito uma abordagem mais completa sobre as religiões, já que em alguns momentos a construção esbarrava em sensos comuns, sem uma análise mais aprofundada sobre cada uma delas. Entrelaçados a isso, não só a questão do sexo, mas também temas como aborto, vício, violência, suicídio e homossexualidade são tratados no enredo.

Fiquei um pouco frustrada com a ausência das respostas para os segredos narrados na obra. Por se tratar de um livro curto, pareceu-me desnecessário que tenha sido dividido em dois. Além do mais, fiquei bem irritada com o final. As atitudes da protagonista me levaram a criar uma antipatia por ela, em especial quando tudo o que fazia (mesmo aquilo que não queria) tinha uma única razão: Jota, seu marido. E isso só se confirmou quando, depois de tudo o que passou e do tempo que levou para se recuperar, ela voltou para aquilo logo que teve oportunidade.

Preciso registrar que Promíscuo ser de partitura finita me surpreendeu em alguns aspectos, principalmente no que se relaciona à construção textual da autora, mas, infelizmente, a trama não me conquistou, talvez por não ser um gênero que eu curto. De fato, foi bem diferente de tudo o que eu li nos últimos tempos, e vale lembrar que as notas do livro têm sido bem altas no Skoob, o que significa que, para aqueles que gostam de livros nesse estilo, talvez seja interessante dar uma chance para a obra.

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Book Haul - Janeiro

Ei pessoal, como vocês estão?

Por aqui tudo bem, ainda mais que hoje vou publicar uma das colunas que mais gosto aqui no blog e mostrar para vocês tudo o que chegou. Eu tenho noção que não tenho como ler todos os livros que tenho recebido - por isso envio alguns para os colunistas do blog - mas isso não deixa o fato de receber eles menos empolgante! rsrs


Logo que voltei para casa após as festas de fim de ano, quatro livros que eu não esperava estavam na caixa postal. Será que amei? Para começar bem o ano, recebi um pacote com três livros do Grupo Companhia das Letras.

Um dos livros desse pacote era A melodia feroz. Esse era um livro que eu até tinha curiosidade de conhecer, mas depois de receber tanta coisa, desapeguei e enviei o exemplar para resenha da Alessandra.


O segundo livro foi La Belle Sauvage, o primeiro volume de O livro das sombras. Esse ficou comigo, e logo devo incluí-lo entre minhas leituras.


O último exemplar desse pacote era Tash e Tolstói, que será resenhado em breve pela colunista Marlene.


Como último livro da parceria com o Grupo Editorial Pensamento recebi A Poção Perdida, continuação de A Poção Secreta que já tem resenha no blog. O livro será resenhado pela colunista Marcelle.


Já mais para a metade do mês, como cortesia do Grupo Record, recebi Reencontro em Paris, da autora Danielle Steel. Faz tempo que ouço falar dela, e agora tenho oportunidade de conhecer um de seus romances.


Em parceria com a Ler Editorial, recebi Divina Essência, que logo deve ter resenha aqui também.


Chegaram ainda dos livros em parceria com a Editora Intrínseca. Fiquei com Os 27 crushes de Molly, que já comecei a ler no final de semana.


Mulheres sem nome, por outro lado, foi enviado para ser resenhado pela Ana.

Tem livros com estilos bem variados na lista, não é? Quais vocês leriam?

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Sonata em Auschwitz - Luize Valente

Sinopse: Um bebê nascido nas barracas de Auschwitz-Birkenau, em setembro de 1944. Uma sonata composta por um jovem oficial alemão, na mesma data, também em Auschwitz. Duas histórias que se cruzam e se completam. Décadas depois, Amália, jovem portuguesa, começa a levantar o véu de um passado nazista da família a partir de uma partitura que lhe é revelada por sua bisavó alemã. A dúvida de que o avô, dado como morto antes do fim da Segunda Guerra, possa estar vivo no Rio de Janeiro, a leva a atravessar o oceano e a conhecer Adele e Enoch, judeus sobreviventes do Holocausto. A ascensão do nazismo na Alemanha, culminando na fatídica Noite dos Cristais, a saga dos judeus húngaros da Transilvânia, os guetos na Hungria e Romênia, os trens para Auschwitz, os mistérios acontecidos no campo de extermínio da Polônia e o pós-guerra numa casa cheia de segredos num lago de Potsdam oferecem os trilhos que Amália percorrerá para montar o quebra-cabeça. (Skoob)
VALENTE, Luize. Sonata em Auschwitz. Editora Record, 2017. 378 p.


Imagine que um dia, todas as suas coisas são confiscadas pelo governo, inclusive sua roupa, sua casa, seu dinheiro, enfim tudo. Imagine que você é levado para um bairro rodeado por muros, onde existe hora de acordar e de dormir, sem luz, sem água e com comida escassa. Imagine que você precisa usar uma estrela na roupa para diferenciar você das outras pessoas. Ruim, não é? Agora, imagine que um dia você e sua família são arrancados desse bairro, levados para um trem com milhares de outras pessoas. Imagine que vocês chegam em um local no meio do inverno, sem roupas de frio, recebem a tatuagem de um número na pele e passam a dormir em camas de madeira no meio de centenas outras dentro de um galpão. Agora, imagine que sua família é levada para um outro galpão, de onde sai uma constante fumaça cinza, e você descobre que nesse local, eles serão queimados vivos. Imagine que você irá a seguir.

Seis milhões de pessoas passaram por essas situações e morreram. De forma mais clara: mais de quinhentas mil crianças, mais de dois milhões de mulheres, mais de três milhões de homens. Apenas em Auschwitz, morreram quase dois milhões de pessoas nas câmeras de extermínio. Sim, é terrível, inimaginável, mas é necessário ter consciência desses números. É necessário lembrar sempre e contar para as gerações futuras, para as pessoas nunca esquecerem dessa barbárie.

Parte da história de Sonata em Auschwitz se passa nessa época. Amália, a personagem principal, uma jovem portuguesa, viaja para a Alemanha e para o Brasil em busca de uma resposta sobre quem era seu avô e sobre o passado misterioso de sua família. Ela é determinada, persistente e curiosa. Isso faz com que ela descubra uma história de compaixão, sacrifício, amor e morte.

Os capítulos são alternados entre o passado e o presente, entre uma narrativa em primeira pessoa e uma narrativa em terceira pessoa. O leitor passa a viajar por lembranças e por fatos recentes, juntando as pistas, descobrindo, junto com Amália, o que realmente aconteceu para que um bebê judeu conseguisse sobreviver e escapar de Auschwitz, como um oficial nazista participou dessa fuga, quem eram os pais da criança e qual a ligação dela com todos eles.

A autora não poupa o leitor de detalhes de como foi a confinação no campo de extermínio, nem do que aconteceu até os personagens chegarem a esse fim de vida. Ela também coloca reflexões, sentimentos, frases que demonstram o quanto tudo isso afetou as pessoas que conseguiram sobreviver, mesmo depois de tantas décadas. A conversa que Amália tem com uma outra personagem é impregnada de emoção e dor, mas também de esperança e reconhecimento.

Uma das características que mais gostei da obra, são os fatos verídicos misturados com os ficcionais; das personalidades que realmente existiram, com os personagens criados pela autora. Inclusive, a sonata que o oficial nazista compõe para a criança, o leitor pode ouvir no site da autora (clique AQUI para acessar), onde também existem várias outras curiosidades.

As últimas páginas de Sonata em Auschwitz transmitem o quanto a realidade pode ser dura, mesmo quando adornada pela ficção. Nelas, também encontramos a Árvore Genealógica das famílias dos personagens, mas recomendo que você não as veja antes do fim do livro, porque contém informações que irão estragar algumas surpresas. Então, não seja curioso.

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Promoção: Trilogia Fortaleza Negra


Olá pessoal, tudo bem? Já comentei com vocês em diversas ocasiões sobre a trilogia Fortaleza Negra, da autora Kel Costa, uma trama de vampiros que é repleta de aventuras, romance e muita emoção.

Para divulgar ainda mais essa série incrível, o blog Pétalas de Liberdade convidou o Conjunto da Obra para participar de um sorteio da trilogia completa para um só ganhador!

Ainda não conhece a trilogia? Então aperte o play e confira um vídeo sobre essa história fantástica:


PRÊMIOS:

1 exemplar de Fortaleza Negra
1 exemplar de Tempestades de Sangue
1 exemplar de Ruínas de Gelo
 1 cartão postal, 1 card, 2 marcadores

COMO PARTICIPAR:

1° Se inscreva no canal Pétalas de Liberdade: https://goo.gl/zLc3La.
2° Curta a página da editora: www.facebook.com/lereditorial.
3° Curta a página Pétalas de Liberdade: www.facebook.com/petalasdeliberdade.
4° Compartilhe o post do sorteio no Facebook: https://goo.gl/XqAjTd.
5° Preencha o formulário abaixo (se o formulário demorar para abrir, você pode acessá-lo diretamente pelo link: http://www.rafflecopter.com/rafl/display/818a3f1138/?):


Prontinho, você já está participando! Mas aproveite as chances extras que aparecem depois que você cumpre as obrigatórias, elas podem aumentar (e muito!) as suas chances de ser o sorteado!

ATENÇÃO:

- As inscrições começam em 26/01/2018 e vão até 26/02/2018.
- O resultado sairá em até uma semana após o término das inscrições, o sorteado será avisado por e-mail pelo Blog Pétalas de Liberdade e tem o prazo de até uma semana para responder ao e-mail com nome e endereço completos para envio dos prêmios ou o sorteio será refeito. O nome do vencedor será divulgado no formulário.
- O livro Fortaleza Negra será enviado pela Ler Editorial, os outros dois livros e os brindes serão enviados pelo Blog Pétalas de Liberdade, portanto, CHEGARÃO EM DATAS DIFERENTES.
- O envio será feito em até 30 dias após o recebimento do endereço do sorteado.
- Não nos responsabilizamos por endereço incorreto fornecido pelo participante, danos ou extravios dos Correios. Boa sorte!

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Onde Está Elizabeth? - Emma Healey

Vencedor do Costa Book Awards e do Premio Salerno Libro dEuropa, o romance de estreia de Emma Healey é uma delicada narrativa sobre memória misturada a um thriller. Maud tem 80 anos e está ficando cada vez mais esquecida. Sua própria filha e sua casa lhe parecem irreconhecíveis, e ela escreve bilhetes para si mesma na tentativa de lembrar do cotidiano. Um dia, um dos bilhetes informa que sua amiga Elizabeth está desaparecida. Embora todos lhe assegurem que ela está bem, Maud embarca numa missão para encontrá-la. A iniciativa, no entanto, acaba se confundindo com a história de Sukey, sua irmã mais velha, desaparecida desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
HEALEY, Emma. Onde Está Elizabeth?. Editora Record, 2016. 308 P.

Maud é uma senhora de oitenta anos que costuma esquecer muitas coisas e por esse motivo, escreve diversos bilhetes para se lembrar de coisas importantes. Em um desses bilhetes está escrito que sua amiga Elizabeth está desaparecida. Elizabeth sempre a visitava, mas essas visitas não acontecem mais – ou Maud acham que não acontecem? - E ela fica muito preocupada. Por mais que todos ao seu redor digam que sua amiga está bem, Maud tem certeza que algo aconteceu a ela.

Quando mais jovem, Maud sofreu com o desaparecimento da irmã e ao decorrer do livro vamos descobrindo mais detalhes do que aconteceu. O título do livro é Onde está Elizabeth, mas poderia muito bem ser: Onde está Sukey? Pois ao decorrer de toda a história a lembrança do desaparecimento da irmã assombra Maud. Tudo parece se misturar na cabeça dela, muitos acontecimentos trazem lembranças de coisas que aconteceram naquela época, então conseguimos acompanhamos dois desaparecimentos ao invés de um.

Maud esquecia as coisas a cada minuto, então era bem difícil conseguir provas concretas. Muitas vezes ela olhava para os seus bilhetes sem saber o que significavam e acaba jogando tudo fora... Dava uma pena! Ninguém levava a sério o que ela dizia e ela se sentia totalmente perdida.  Foi interessante a forma como a autora desenvolveu a história, as memórias antigas de Maud eram muito mais claras do que os acontecimentos recentes, que é uma coisa bem comum de acontecer com pessoas que tem Alzheimer. Percebemos ao decorrer do livro, que a memória de Maud vai ficando ainda pior, tanto que nos últimos capítulos ela tem dificuldade de se lembrar até de sua filha e sua neta. 


O livro é narrado apenas por Maud, mas sempre mesclando passado e presente. Tem gente que não gosta desse tipo de escrita, eu não tenho problemas com isso, muito pelo contrário, acho bem interessante. Não conhecia a autora, mas gostei muito da sua escrita, pode até parecer cansativo o fato da narradora esquecer sempre o que estava fazendo, mas na verdade acaba sendo bem envolvente, principalmente quando acontece algo que a remete ao passado, pois a autora aproveita esses ganchos para falar sobre a irmã de Maud, achei isso muito legal, a autora foi muito perspicaz.

Não achei os personagens secundários tão legais, exceto pela neta de Maud, que era a única que parecia ter paciência com a avó. A filha de Maud muitas vezes era impaciente com ela, o que me deixou bem irritada. Frank, que era o marido de Sukey apareceu em diversas situações nas memórias de Maud, ele era um sujeito esquisito e briguento demais. E Douglas era um inquilino que morava na casa de Maud quando ela era adolescente e apareceu bastante nas memórias também, ele era um sujeito muito misterioso e Frank não gostava nem um pouco dele. 

Confesso que esperava um pouco mais do final, todo o suspense do livro me fez imaginar um final surpreendente, mas não foi o que ocorreu. Parece que a autora decidiu não arriscar e fiquei um pouco frustrada com o desfecho. No fim, descobrimos o que aconteceu nos dois casos, mas senti que algumas pontas ficaram soltas e achando que o final deveria ter sido mais trabalhado. Mas mesmo assim, recomendo a leitura, pode ser que o final seja melhor para você.

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Além das Páginas #8: Adaptações de Livros da Editora Intrínseca

Vocês já repararam na quantidade de livros da Editora Intrínseca cujas adaptações chegaram aos cinemas nos últimos meses ou estão para chegar? Fiquei surpresa quando comecei a contar, tem muito filme!

Pensando nisso, decidi montar um post para mostrar para vocês alguns deles, com trailers e outros detalhes que encontrei, para que vocês fiquem tão curiosos quanto eu.

Extraordinário

O livro foi lançado em 2013 pela Editora Intrínseca e chegou aos cinemas em dezembro de 2017.

Sinopse: August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.
Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade - um impacto forte, comovente e, sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo tipo de leitor.


A forma da água

A forma da água é um dos lançamentos da Editora previstos para fevereiro e o filme deve chegar aos cinemas no mesmo mês.

Sinopse: Richard Strickland é um oficial do governo dos Estados Unidos enviado à Amazônia para capturar um ser mítico e misterioso cujos poderes inimagináveis seriam utilizados para aumentar a potência militar do país, em plena Guerra Fria. Dezessete meses depois, o homem enfim retorna à pátria, levando consigo o deus Brânquia, o deus de guelras, um homem-peixe que representa para Strickland a selvageria, a insipidez, o calor - o homem que ele próprio se tornou, e quem detesta ser.
Para Elisa Esposito, uma das faxineiras do centro de pesquisas para o qual o deus Brânquia é levado, a criatura representa a esperança, a salvação para sua vida sem graça cercada de silêncio e invisibilidade.
Richard e Elisa travam uma batalha tácita e perigosa. Enquanto para um o homem-peixe é só um objeto a ser dissecado, subjugado e exterminado, para a outra ele é um amigo, um companheiro que a escuta quando ninguém mais o faz, alguém cuja existência deve ser preservada.
Mistura bem dosada de conto de fadas, terror e suspense, A forma da água traz o estilo inconfundível e marcante de Guillermo del Toro, numa narrativa que se expande nas brilhantes ilustrações de James Jean e no filme homônimo, vencedor do Leão de Ouro em 2017. Uma história cinematográfica e atemporal sobre um homem e seus traumas, uma mulher e sua solidão, e o deus que muda para sempre essas duas vidas.


Simon vs a agenda homo sapiens

Simon vs a agenda homo sapiens foi publicado pela Editora Intrínseca em 2016. O filme Love, Simon, inspirado no livro, chega aos cinemas americanos em março.

Sinopse: Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Ele só não contava que Martin, o bobão da escola, iria chantageá-lo ao descobrir sua troca de e-mails com Blue, pseudônimo de um garoto misterioso que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte.
Uma história que trata com naturalidade e bom humor de questões delicadas, explorando a difícil tarefa que é amadurecer e as mudanças e os dilemas pelos quais todos nós, adolescentes ou não, precisamos enfrentar para nos encontrarmos.
O livro encabeça todas as listas de melhores livros de 2015, tendo sido indicado a diversos prêmios, como o National Book Award For Young People's Literature, o Best Fiction for Young Adults Award, da Young Adult Library Services, e o Goodreads Choice Awards.


Me chame pelo seu nome

A versão cinematográfica de Me chame pelo seu nome chegou aos cinemas há poucos dias, assim como o livro, que chegou às livrarias no início de janeiro.

Sinopse: A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver.
Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida.
Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.


Baseado em fatos reais

Lançado em agosto de 2016, o livro ganhou versão cinematográfica que chegou aos cinemas no início de 2018.

Sinopse: Em uma obra em que o leitor é levado constantemente a questionar o que lhe é apresentado, Delphine de Vigan constrói um clima confessional, sombrio e opressivo para expor a obsessão do mercado editorial e do cinema pelas narrativas baseadas em fatos reais. A linha tênue entre verdade e mentira oscila para enriquecer uma poderosa reflexão sobre o fazer literário e questionar as fronteiras entre aparentes dicotomias, como real e ficção, razão e loucura, público e privado. Um livro brilhante, que joga com os códigos da autoficção e do thriller psicológico.
Após o grande sucesso de seu último livro, em que revelava perturbadores segredos familiares, Delphine se vê diante da temível pergunta: o que vem depois de um texto tão pessoal, que comove tantos leitores? A inércia. O sucesso a fragiliza a tal ponto que a deixa completamente vulnerável. Ela não consegue mais escrever nem uma linha, nem sequer se sentar diante do computador ou segurar uma caneta. Está esgotada, e vive assombrada pela pressão da próxima obra.
Tomada pelo bloqueio criativo, o sentimento de impotência e isolamento permeiam constantemente sua vida: os filhos gêmeos, Louise e Paul, estão prestes a sair de casa para seguir o próprio caminho e ingressar na universidade. Além disso, seu namorado, François, é um famoso jornalista e apresentador de um programa de crítica literária e está sempre viajando para o exterior. A instabilidade emocional de Delphine ainda é agravada pelas cartas de teor bastante violento que recebe de um remetente anônimo, ameaçando-a por ter exposto publicamente sua família.
Nesse cenário de fragilidade, Delphine conhece L., uma mulher sofisticada, confiante, feminina, carismática e atraente. Tudo o que ela sempre desejou ser. L. parece ter um passado misterioso, trabalha como ghost-writer, e entra de modo insidioso na vida da escritora, que vê na amizade uma forma de superar seu bloqueio criativo. L. é a amiga perfeita, sempre disponível, e logo passa a interferir nos aspectos mais íntimos da vida de Delphine. O domínio de uma sobre a outra é inesperado. A conexão entre elas parece... inacreditável.
Baseado em fatos reais


Cinquenta tons de liberdade

O último livro da trilogia Cinquenta tons chegou às livrarias em 2012, e agora a última adaptação chega aos cinemas.

Sinopse: O que para Anastasia Steele e Christian Grey começou como uma paixão avassaladora e carregada de erotismo evoluiu, em um curto espaço de tempo, para um sentimento mais profundo que transformou a vida do casal. Ana sempre soube que amar um homem com tantas nuances seria complicado, mas nem ela nem Christian tinham noção das dificuldades que enfrentariam para ficar juntos.
Mesmo assim, os dois estão se acertando: Ana torna-se mais segura a cada dia, e Christian lentamente permite-se relaxar e confiar nela. Tudo leva a crer que eles estejam caminhando para um desfecho digno de conto de fadas. Mas ainda há contas a acertar com o passado.




Alguns outros filmes adaptados dos livros da Editora são citados também nesta publicação.

Quais vocês querem assistir?

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Sonhos de Avalon: A Última Profecia - Bianca Briones

Sinopse: O mito do Rei Arthur recontado de maneira totalmente original e com protagonistas jovens femininas Quem nunca sonhou em viver na Idade Média com Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda? E se todas as versões já retratadas fossem uma tentativa de Merlin, poderoso feiticeiro do rei, de mudar o destino? O primeiro volume de Sonhos de Avalon traz a história de Melissa, uma jovem do século XXI, predestinada a voltar à Idade Média para se casar com Arthur e salvar a Britânia e a magia. Porém, quando sentimentos são envolvidos os resultados podem ser imprevisíveis. Dividida entre a responsabilidade que lhe foi dada e a voz de seu coração, Melissa terá que tomar uma decisão que mudará sua vida e a de todos que a cercam. (Skoob)

Livro recebido como cortesia da Editora.
BRIONES, Bianca. Sonhos de Avalon: A Última Profecia. Bertrand Brasil, 2017. 424 p.


A primeira coisa que pensei quando recebi a cortesia de Sonhos de Avalon da Bertrand Brasil foi "acho que não gosto de livros sobre Avalon". O erro desse pensamento foi que eu nunca li nada sobre Avalon ou a lenda do Rei Arthur, só assisti alguns filmes há muito tempo e lembro de pouquíssimas coisas. Como eu poderia julgar um livro com base nisso? Sorte a minha que o nome da autora me saltou aos olhos. Bianca Briones está na minha lista de desejados faz anos, então meu segundo pensamento foi "ok, então será com esse livro que conhecerei a escrita da autora". Que bom que eu fiz essa escolha, pois a história de Morgana e Melissa conseguiu entrar para a minha curta lista de favoritos e eu já estou doente pelo segundo volume.

Repleto de magia, mistérios e muita aventura, Sonhos de Avalon: A Última Profecia tem como protagonistas duas mulheres à frente do seu tempo, determinadas e cheias de garra. Melissa vive em nosso tempo e há dois anos perdeu o irmão gêmeo, Gabriel, no mesmo acidente de carro que deixou seu pai em coma. Sozinha, ela agora conta apenas com o apoio de seus amigos, que não a deixam desanimar. Morgana, por outro lado, vive na Idade Média, é irmã do Rei Arthur e amiga de Lancelot, um dos cavaleiros da Távola Redonda. A vida das duas parece não ter nenhuma ligação, mas elas sonham uma com a outra com cada vez mais frequência e não têm nem ideia do quanto na verdade suas vidas estão interligadas.

"- [...] quando você ama, tudo em que acredita muda de perspectiva. A vida se separa em duas: antes e depois da pessoa. Certas coisas perdem o sentido, e outras se tornam primordiais. Como eu soube que estava apaixonado? Ela olhava para mim e era como se todo o ar fosse sugado para longe."

Uma das coisas que tornam a escrita de Bianca Briones interessante é o fato de que a autora entrega poucos detalhes, e o leitor vai construindo toda a história junto com os personagens. Até o último capítulo são feitas revelações importantes e tenho certeza de que muitas outras ainda serão feitas no próximo volume. Aliás, é bem visível que boa parte do enredo ficou em aberto e ainda demanda respostas, mas muito do que podia ser revelado já foi e o que está pendente não tira o brilho da história, muito pelo contrário, pois auxilia os leitores a construírem teorias, que podem ou não se confirmar.

A forma como a autora constrói a trama é instigante e é difícil largar o livro até chegar à última página. Além de ter sempre uma surpresa para o leitor, Bianca cria cenas que nos levam para o contexto da história e nos faz sentir como se estivéssemos juntos de seus personagens, seja nas cenas de ação, seja nas cenas românticas. O romance, aliás, se faz bastante presente, mas achei mais apaixonante o fato de que, apesar de sua importância, ele é só mais um elemento a construir a história, e não toda a base dela.

"- Você é a minha vida, Lancelot. Sempre será. Meu coração, minha alma, minha vida. [...] Perder você mais uma vez, e com a lembrança do que vivemos, me matará.
- Estaremos ambos mortos, amor. Ambos mortos."

Não bastasse isso, Briones soube trabalhar magnificamente o mito do Rei Arthur, deixando os aspectos essenciais, mas reconstruindo todo o resto. Fiquei apaixonada pela releitura criada pela autora, a forma como conduziu os acontecimentos, tudo. Bianca não ficou satisfeita em "somente" criar uma história maravilhosa e envolvente, mas ainda inseriu discussões importantes, como o papel da mulher na sociedade, os preconceitos, a luta pela igualdade, a manipulação pela religião, entre vários outros tópicos relevantes.

O único problema que tive durante o livro (e que quase me fez morrer de ódio da autora algumas vezes) foi o fato de ela encerrar os capítulos exatamente quando algo de emocionante acontecia e mudar o enfoque da narrativa de uma protagonista para outra. Quando isso acontecia, eu trapaceava e pulava o capítulo para ver o que iria acontecer naquela sequência, senão não conseguiria aguentar de ansiedade. Fora isso, Sonhos de Avalon: A Última Profecia é inteiramente maravilhoso, envolvente, apaixonante, perfeito. Já falei que se tornou meu favorito? Se tiverem oportunidade, por favor, leiam, se apaixonem por Marcos, Arthur e Lancelot e comentem comigo, porque estou carente de conversar sobre esse livro (estou nesse nível).

Por fim, acredito que três pontos principais ainda merecem atenção no próximo volume: quem é o traidor? De que lado Merlin está? O que Marcos é, afinal? Bertrand, não demora muito para publicar a continuação, por favor?

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Novidades #185: Parceria Universo dos Livros


Quem acompanha o Conjunto da Obra pela fanpage no Facebook já deve ter visto essa notícia linda: agora somos parceiros da Universo dos Livros. Fiquei muito feliz com essa notícia e precisava dividir ela com vocês também ♡ O povo do marketing lá é tão animado que já me sinto incluída na família.

Essa notícia significa que, em breve, teremos mais resenhas dos livros da Editora por aqui. E, quem sabe, alguns sorteios também. Quem quer? rsrs 

E me contem também: quais livros da Editora vocês gostam mais? Quais gostariam de ler?

Aproveito ainda a notícia para mostrar alguns dos livros da Editora que estão em pré lançamento. Se quiser mais informações sobre a obra, basta clicar na capa.




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Androides sonham com ovelhas elétricas? - Philip K. Dick

Sinopse: Rick Deckard é um caçador de recompensas. Ao contrário da maioria da população que sobreviveu à guerra atômica, não emigrou para as colônias interplanetárias após a devastação da Terra, permanecendo numa San Francisco decadente e coberta pela poeira radioativa que dizimou inúmeras espécies de animais e plantas. Na tentativa de trazer algum alento e sentido à sua existência, Deckard busca melhorar seu padrão de vida até que finalmente consiga substituir sua ovelha de estimação elétrica por um animal verdadeiro - um sonho de consumo que vai além de sua condição financeira. Um novo trabalho parece ser o ponto de virada para Rick: perseguir seis androides fugitivos e aposentá-los. Mas suas convicções podem mudar quando percebe que a linha que separa o real do fabricado não é mais tão nítida como ele acreditava. Em 'Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?' Philip K. Dick cria uma atmosfera sombria e perturbadora para contar uma história impressionante, e, claro, abordar questões filosóficas profundas sobre a natureza da vida, da religião, da tecnologia e da própria condição humana. (Skoob)
DICK, Philip K. Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph, 2014. 272 p.


Escrito em 1968, Androides sonham com ovelhar elétricas?, o primeiro livro de uma série de Philip K. Dick com títulos esdrúxulos, é um clássico e um marco na literatura de ficção-científica. Muitas de suas obras, além de influenciarem vários escritores, já foram adaptadas para o cinema, como Blade Runner (baseado neste livro e sobre o qual falo mais para a frente), Minority Report, Total Recall, Screamers, Next, entre outras.

Androides sonham com ovelhar elétricas? se passa em 2019, em um futuro distópico, onde o planeta está exaurido devido a guerras e quase todos os animais foram extintos e substituídos por réplicas mecânicas. Possuir uma dessas réplicas é questão de status, e as pessoas usam esses animais para se exibirem. Quanto mais raro o animal replicado, mais dinheiro ele custa. Também foram criados androides idênticos a seres humanos, que são usados em explorações espaciais e têm apenas quatro anos de vida, uma vez que os cientistas não conseguiram resolver um problema de regeneração celular. A única forma de diferenciar um desses androides de um ser humano é através de um teste de empatia.

Rick Deckard é um caçador de androides rebeldes que tem a missão de destruí-los. Em uma das missões, precisa “aposentar” seis modelos do tipo NEXUS-6, que são quase perfeitos. Para isso, ele procura auxílio da empresa responsável pela criação desses androides e acaba conhecendo Rachael Rosen, que é uma androide desse mesmo modelo. Ele se apaixona e começa a ter uma crise existencialista.

A síntese de Androides sonham com ovelhar elétricas? é sobre isso mesmo, existência. Afinal, como podemos determinar a existência ou não existência de algo ou alguém? Uma das androides perseguidas por Deckard é uma cantora, e através de sua performance, ela demonstra ter sentimentos que deveriam ser inerentes apenas a seres humanos. Rachael possui uma forma de pensar e agir que determina que ela se importa com Deckard, com sua segurança e sua felicidade. Ambas são produtos de uma fábrica, mas elas existem, elas agem guiadas por moral e algo que sintetiza sentimentos. Qual a diferença para um ser humano que age da mesma forma, cujos sentimentos são resultados de reações químicas e elétricas? Somos superiores só porque ao invés de sermos criados em um laboratório, nascemos do ventre de uma mulher? Como determinar quem tem direitos de continuar vivendo ou não?

Em uma determinada parte, após Deckard matar um dos androides, ele se pergunta se foi certo privar o mundo daquilo que o androide ainda poderia criar. Como perseguir seres que compreendem o conceito de vida e que tentam se proteger da destruição como qualquer outro ser vivo? Essas questões fazem com que Deckard comece a duvidar da sua própria existência, se ela não seria mais semelhante à dos androides do que ele inicialmente imaginava.

Então, feita essa breve análise do livro, chegamos à sua adaptação para os cinemas, Blade Runner. Ridley Scott fez várias modificações, mas manteve a essência da história. Deu um nome à profissão de Deckard, Blade Runner, e um nome ao gênero dos androides, Replicantes. Criou uma atmosfera na cidade onde se passa a trama que foi copiada por quase todos os filmes de ficção-científica nos anos seguintes: um local escuro, superpopuloso, de ruas estreitas, chuvoso, caótico, ofuscado por gigantescos painéis de propaganda.

Deckard não é casado, não tem animais artificiais de estimação e tem uma presença mais confiante que sua versão literária. Essa faceta é aprimorada pelo porte carismático de Harrison Ford, perfeito para o papel. Sua relação com Rachael é mais intensa, e ela não tem a aparência assexuada do livro, mas, sim, a de uma mulher lindíssima e de uma presença forte.

Mas em termos de personagem, nenhum foi mais modificado do que Roy, o líder dos replicantes fugitivos. No livro, ele é apático, burro e em momento algum representa um desafio para Deckard. Já no filme, tornou-se um dos personagens mais memoráveis que o cinema apresentou. Interpretado por Rutger Hauer, desde a primeira cena em que aparece, ele consegue convencer a plateia do quanto é inteligente e perigoso. É ele o dono da cena e da frase que ficou na memória como uma representação perfeita do desperdício de conhecimento com a inevitabilidade da morte, e que eu marco logo abaixo:

Eu vi coisas que vocês não imaginariam. Naves de ataque em chamas ao largo de Órion. Eu vi raios-c brilharem na escuridão próximos ao Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer.

Embora Deckard e Roy sejam antagonistas, o replicante tem como último gesto a comprovação de que ele valorizava a vida mais do que um ser humano. Todos nós desconhecemos o tempo que temos, por isso conseguimos sonhar com um futuro. Os replicantes só tinham quatro anos de vida e morriam. O desespero de Roy não era apenas em fugir, mas, também, encontrar uma forma de prolongar sua existência e a de seus companheiros. Tem sentimento mais humano do que a vontade de prolongar a vida e salvar quem você ama?

Blade Runner foi um fracasso quando estreou. Isso aconteceu, principalmente, porque os produtores vendiam o filme como algo que não era. Blade Runner não é um filme de ação, de perseguições ou de lutas, mas um filme de reflexão. Suas cenas extensas, sua música alta, que faz estremecer o corpo, quer provocar na plateia momentos de meditação sobre o que somos, quem somos e se temos consciência do que representa um ser vivo, que merece viver plenamente. Isso foi compreendido anos depois, quando o filme começou a ser vendido e alugado nas vídeo-locadoras. Finalmente aconteceu a compreensão do que ele representa, não apenas como obra cinematográfica, mas, principalmente, como uma história sobre representatividade, sobre diversidade, sobre tolerância, sobre compaixão e sobre o quanto desconhecemos do segredo de simplesmente existir.

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Novidades #184: Lançamentos Editoras Parceiras

Queridos leitores, como vocês estão?

Hoje é dia de mostrar alguns dos últimos lançamentos anunciados pelas editoras parceiras do blog e, como sempre, temos livros de gêneros diversos, para todos os gostos. Se quiser conferir a sinopse, basta clicar nas capas.

Editora Intrínseca


Editora Arqueiro 

 

Editora Pandorga


 

Gostaram de algum? Quais deles gostariam de ler?

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Um beijo à meia noite - Eloisa James

Sinopse: Kate Daltry é uma jovem de 23 anos que não costuma frequentar os salões da alta sociedade. Desde a morte do pai, sete anos antes, ela se vê praticamente presa à propriedade da família, atendendo aos caprichos da madrasta, Mariana. Por isso, quando a detestável mulher a obriga a comparecer a um baile, Kate fica revoltada, mas acaba obedecendo. Lá, conhece o sedutor Gabriel, um príncipe irresistível. E irritante. A atração entre eles é imediata e fulminante, mas ambos sabem que um relacionamento é impossível. Afinal, Gabriel já está prometido a outra mulher – uma princesa! – e precisa com urgência do dote milionário para sustentar o castelo. Ele deveria se empenhar em cortejar sua futura esposa, não Kate, a inteligente e intempestiva mocinha que se recusa a bajulá-lo o tempo todo. No entanto, Gabriel não consegue disfarçar o enorme desejo que sente por ela. Determinado a tê-la para si, o príncipe precisará decidir, de uma vez por todas, quem reinará em seu castelo. Um beijo à meia-noite é um conto de fadas inspirado na história de Cinderela. Com um estilo que combina graça, encanto e sedução, Eloisa James escreve uma narrativa envolvente, com direito a fada madrinha e sapatinho de cristal. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
JAMES, Eloisa. Um beijo à meia noite. Conto de Fadas #2. Editora Arqueiro, 2017. 320 p.


Releituras de Cinderela foram comuns em minhas leituras de 2017, com títulos como Geekerela e Cinder & Ella na lista de lidos. Achei que não teria paciência para outros contos de fada baseados nessa história, mas como resistir a um que é também um romance de época escrito por Eloisa James? Depois de conhecer Quando a Bela domou a Fera, o primeiro livro da série da autora publicado pela Editora Arqueiro,  a curiosidade falou mais alto e mergulhei nessa nova releitura do conto de fadas.

Um beijo à meia noite tem vários elementos inspirados na trama original, mas não está restrito nem se deixa limitar por isso. Alguns detalhes foram usados para criar a trama, como a protagonista ser órfã, ter uma fada madrinha (que nesse caso não é fada), a madrasta má, o príncipe, o baile com horário para sair e o sapatinho de cristal, mas tudo isso está inserido em um outro contexto, ou seja, fora alguns elementos aqui e ali, os acontecimentos não seguem os padrões do roteiro original.

O primeiro detalhe alterado pela autora e que fez toda a diferença foi a força de Kate, nossa "Cinderela". Embora fosse uma personagem maltratada pela madrasta e relegada a empregada da casa, Kate lutava com todas as forças por aquilo que acreditava e enfrentava Mariana sempre que a mulher cometia alguma injustiça. Ela era sim subjugada, mas porque não tinha outra opção se queria proteger aos outros que dependiam dela, mas não porque lhe faltava vontade.

"- Nós nos beijamos como se o maldito quarto estivesse em chamas - declarou ele. - Nós nos beijamos como se o ato de fazer amor não existisse e os beijos fossem tudo o que nos resta."

Kate e Gabriel, o príncipe, nem mesmo se conheceram no baile. A primeira impressão entre os dois, aliás, não foi das melhores, mas, enquanto se conheciam, puderam apreciar as atitudes que os fariam gostar um do outro. O sentimento entre os protagonista cresceu aos poucos e foi fácil se envolver com essa relação. Os dois eram carismáticos, tinham química e diversas coisas em comum, como o fato de que se importavam mais com os outros do que com eles mesmos.

Achei apenas que Gabriel foi um pouco descontrolado com Kate e foi irritante ver como ele estava mais propenso a fazer suas vontade do que ouvir o que ela queria. De qualquer forma, juntos, pela primeira vez eles queriam algo de verdade, algo que não tinha relação com fazer pelos outros, e viviam aquilo enquanto se descobriam.

Assim como no primeiro livro da série, os diálogos entre os protagonistas têm algumas frases de muito bom humor, que garantem a diversão da trama e personagens secundários que se destacam, como Wick e, especialmente, Henry, que sempre garantia a diversão.

"- Ela achou que teria mais tempo. Sempre achamos que temos mais tempo. É uma substância milagrosa que parece existir em grande quantidade, até que, de repente, acaba."

A escrita de Eloisa James é cativante e deliciosa, mas preciso confessar que o enredo demorou a engrenar. Os primeiros dez ou quinze capítulos, ainda que fossem curtos, fizeram uma introdução bastante extensa e fatigante sobre a vida dos protagonistas e sobre quão infelizes eles estavam. Além disso, a autora quis inserir tantos elementos novos à trama e alheios ao romance principal que ficou difícil - e chato - de acompanhar e muitas vezes perdia as referências sobre acontecimentos e personagens.

Ainda assim, depois que a leitura adquiriu ritmo, foi ótimo acompanhar essa nova versão do conto de fadas, bastante original e divertida. Claro que, como um bom romance de época, não poderia faltar clichê e muita sensualidade, mas de alguma forma a autora consegue dar corpo a uma história e transformá-la em algo mais. Os livros da série Contos de Fadas são totalmente independentes, então não importa a ordem, os livros de Eloisa James são uma ótima opção para quem gosta de leituras do gênero.

"- Eu odeio o amor - disse Kate, com convicção.
- Pois eu não odeio. Porque é melhor viver uma paixão, Kate, conhecer um homem e amá-lo, mesmo que ele não possa ser seu, do que nunca amar."


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Novidades #183: Série Sea Breeze - Abbi Glines


Quem acompanha as redes sociais da Editora Arqueiro já deve ter visto que tem livro novo de Abbi Glines por aí: Sem Fôlego, o primeiro livro da série Sea Breeze, que chegou às livrarias no início de janeiro.

Confira a sinopse:
Sadie White acabou de se mudar com a mãe grávida para a cidade litorânea de Sea Breeze, mas seu emprego de verão não vai ser na praia. Como a mãe dela se recusa a trabalhar, Sadie vai substituí-la como empregada doméstica numa mansão na ilha vizinha.
Quando os donos da casa chegam para as férias, Sadie se depara com ninguém menos que Jax Stone, um dos roqueiros mais desejados do mundo. Se Sadie fosse uma garota normal – se ela não tivesse passado a vida cuidando da mãe e dos afazeres domésticos –, talvez estivesse impressionada com a ideia de trabalhar para um astro do rock. Mas ela não está.
Na verdade, é Jax quem fica atraído por ela. Tudo a respeito de Sadie o fascina, mas ele luta contra esse desejo: relacionamentos nunca funcionam em seu mundo e, por mais que ele queira Sadie, sabe que ela merece algo melhor. Conforme o verão passa, no entanto, essa paixão começa a deixá-lo sem fôlego – e é como se Sadie fosse a única pessoa capaz de lhe devolver o oxigênio.
Será que o amor entre os dois pode superar as diferenças em seus estilos de vida? Jax e Sadie vão precisar respirar fundo e mergulhar nessa relação para descobrir.

Sea Breeze já foi finalizada pela autora e conta com nove livros no total, que narram a história de oito casais. Quem tiver interesse em conferir as sinopses com tradução não oficial de todos os livros, pode clicar neste link. Há notícias, inclusive, sobre a venda de direitos de adaptação de um dos livros da série. As capas abaixo são das edições originais - a Editora Arqueiro manteve a do primeiro volume, então acredito que manterá as dos próximos também.


Vale lembrar que Sea Breeze começa a ser publicada logo após o encerramento de Rosemary Beach, cujo último volume, Pegando Fogo, chegou às livrarias em agosto do ano passado. Aqui no blog, temos resenhas dos quatro últimos volumes da série: À Sua Espera, Ao Seu Encontro, O Último Adeus e Pegando Fogo.

Cronologia da série Rosemary Beach:

Vale lembrar ainda que Abbi Glines tem outras 7 séries publicadas lá fora, o que significa que os fãs provavelmente ainda terão muito da autora por aqui.

Quem aí já leu Abbi Glines? Gostou? Está curioso por Sea Breeze?

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Entre as Estrelas - Katie Khan


Sinopse: Num futuro não muito distante, após a aniquilação dos Estados Unidos e do Oriente Médio, a Europa nada mais é que uma utopia na qual, a cada três anos, a população se muda para uma nova comunidade multicultural. Em um desses paraísos, Max conhece Carys, e é amor à primeira vista. Ele logo percebe que Carys é a pessoa com quem deseja passar o resto da vida - uma decisão impossível nesse novo mundo. Conforme o relacionamento dos dois se desenvolve, a conexão entre o tempo deles na Terra e o dilema atual no espaço vai sendo revelado. À deriva entre as estrelas, com apenas noventa minutos de oxigênio, eles concluem que só um deles tem a chance de sobreviver. Mas quem? (Skoob)

Livro recebido como cortesia da Editora.
KHAN, Katie. Entre as Estrelas. Editora: Bertrand Brasil, 2017. 280 p.


O mundo que conhecemos não existe mais. Após ocorrer uma guerra entre os Estados Unidos e o Oriente Médio, tudo o que restou foi miséria em meio a um cenário de destruição. A União Européia então cria uma nova forma de viver, com normas e regras que devem ser seguidas. 

Max é um chef de cozinha e trabalha em um supermercado, Carys trabalha na AEVE e pilota aeronaves, ambos se conhecem em um sistema de perguntas sobre culinária denominado MenteColetiva, a interação entre os dois é rápida, porém marcante. 

Todavia um romance não pode de forma alguma se desenvolver entre eles, já que umas das regras criada pela Europia é a proibição de laços afetuosos entre os indivíduos, isso só pode ocorrer com a idade de 35 anos, com o intuito de constituir uma família.

"A sociedade funciona melhor se todos derem o seu máximo. Então todos nós contribuímos para a utopia como indivíduos, até chegar a hora de começarmos a pensar em nos estabelecer e formar uma família."

Como se isso já não fosse o suficiente para impedir esse amor, há também o fato de que uma pessoa só pode viver no Voivoda por três anos e após esse tempo, precisa ir para outro lugar, conhecer novas pessoas e recriar sua vida da melhor forma possível.

Max é um personagem encantador, ele faz parte de uma das famílias fundadoras da Utopia e já está acostumado a constante rotação que precisa viver, porém isso está prestes e mudar, já que, pela primeira vez na vida, ele sente que pertence a alguém e quer viver esse amor.

Uma série de acontecimentos leva Carys e Max para o espaço e agora eles se encontram do lado de fora da nave, com apenas noventa minutos de oxigênio. O amor deles era forte o suficiente na terra, mas e no espaço, também será?

"− Pode até ser – responde Max −, e eu não gosto de ter que dizer isso, mas qualquer sistema que pode ser arruinado pelo fato de eu amar você já era bem frágil antes."

Entre as Estrelas não é livro que tem foco apenas no romance, ele fala sobre os diversos tipos de laços que adquirimos ao longo de uma vida, ele fala sobre o amor, faz diversas críticas sociais, além de levantar diversas reflexões.

A narrativa é intercalada entre o presente, no qual eles se encontram do lado de fora da nave, e o passado. Alguns acontecimentos para mim foram bem confusos e em determinados momentos senti que esse intervalo de narrativa quebrava um pouco o desenvolvimento da história, mas, no contexto geral, esse foi um livro incrível.

Recomendo a leitura com toda certeza. Entre as Estrelas foi um livro que, apesar de fugir um pouco do que normalmente leio, me surpreendeu bastante de uma maneira muito positiva.

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Leituras do mês: Dezembro


Olá amigos, como estão? Espero que bem e que esse início de ano esteja sendo incrível e cheio de perspectivas para os próximos meses.

Hoje quero mostrar e falar um pouquinho sobre as leituras de dezembro. Sempre pego uns dias de folga essa época do ano, então consigo ler um pouco mais. Como é bom uma folguinha, não é? rsrs

Consegui ler 6 livros em dezembro, e a primeira leitura do mês foi o romance Um verão para recomeçar, da Editora Novo Conceito, aquele livro clichê delicioso que consegue se diferenciar por inserir um algo a mais. Eu adorei essa leitura, e a resenha pode ser vista aqui.


Na sequência, li Por trás de seus olhos, da Editora Intrínseca, que eu já falei bastante aqui no blog nas retrospectivas de 2017, porque o livro é absurdamente surpreendente. A resenha também está disponível.


Li ainda Sangue por Sangue, da Editora Seguinte, que foi resenhado no blog Roendo Livros. Em breve publico a resenha aqui no Conjunto da Obra também, principalmente porque eu adorei a duologia escrita por Ryan Graudin sobre como possivelmente seria o mundo se a Alemanha tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial.

Como se casar com um marquês, da Editora Arqueiro, foi o romance de época do mês. Escrito por Julia Quinn, o livro não poderia deixar de ser aquele romance leve e amorzinho que se espera dos livros do gênero. A resenha também foi publicada aqui no blog.

Fiquei um ano esperando uma boa oportunidade para ler Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, e acho que fiz bem em ter feito isso. Além de ter menos expectativas quanto à história, gostei de revisitar Hogwarts e matar as saudades de alguns personagens. A resenha foi publicada aqui.

Para finalizar o mês, A vida que enterramos, da Editora Intrínseca, foi um pouco diferente do que eu imaginava, e gostei mais do livro por isso. É uma trama de investigação envolvente e gostosa de acompanhar. Para ler a resenha, basta clicar aqui.

E vocês? Quais livros leram em dezembro?

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As Sobreviventes - Riley Sager

Sinopse: Há dez anos, a estudante universitária Quincy Carpenter viajou com seus melhores amigos e retornou sozinha, foi a única sobrevivente de um crime terrível. Num piscar de olhos, ela se viu pertencendo a um grupo do qual ninguém quer fazer parte: um grupo de garotas sobreviventes com histórias similares. Lisa, que perdeu nove amigas esfaqueadas na universidade; Sam, que enfrentou um assassino no hotel onde trabalhava; e agora Quincy, que correu sangrando pelos bosques para escapar do homem a quem ela se refere apenas como Ele. As três jovens se esforçam para afastar seus pesadelos, e, com isso, permanecem longe uma da outra; apesar das tentativas da mídia, elas nunca se encontraram. Um bloqueio na memória de Quincy não permite que ela se lembre dos acontecimentos daquela noite, e por causa disso a jovem seguiu em frente: é uma blogueira culinária de sucesso, tem um namorado amoroso e mantém uma forte amizade com Coop, o policial que salvou sua vida naquela noite. Até que um dia, Lisa, a primeira sobrevivente, é encontrada morta na banheira de sua casa com os pulsos cortados; e Sam, a outra garota, surge na porta de Quincy determinada a fazê-la reviver o passado, o que provocará consequências cada vez mais assustadoras. (Skoob)
SAGER, Riley. As Sobreviventes. Editora Gutenberg, 2017. 336 p.


Garotas Remanescentes é um termo usado pelos fãs de filmes de massacres juvenis, como Pânico, Sexta-Feira 13, Halloween, entre outros, para categorizar as garotas que conseguem sobreviver ao assassino. Quincy, Lisa e Sam são Garotas Remanescentes, uma vez que cada uma delas, em anos, locais e condições distintas, conseguiu escapar da morte nas mãos de um maníaco homicida.

Como Quincy não se lembra do que aconteceu entre o início das mortes no chalé, onde ela estava com os amigos, e o momento em que ela consegue escapar e ser socorrida por Coop, um policial que passava por perto e que acabou por matar o assassino, a narrativa se divide em primeira e terceira pessoa. Na época presente, a história é contada por Quincy, enquanto em outros capítulos, acompanhamos o que aconteceu no chalé em uma narrativa em terceira pessoa. Por isso, aos poucos, começamos a ficar em dúvida sobre o que realmente aconteceu, e se Quincy não teve qualquer participação na chacina.

Essa é a principal qualidade de As Sobreviventes: o autor coloca várias dúvidas na mente do leitor. Logo no início da história, quando Lisa comete suicídio e Sam aparece na porta de Quincy, conseguimos perceber, pelas pistas que o autor deixa, que as coisas não são muito claras, que existe algo de estranho. Não apenas sobre o equilíbrio psicológico de Quincy, mas sobre as reais intenções de Sam, sua insistência em que Quincy se lembre do que aconteceu no chalé, sobre onde Sam ficou todos os anos após seu próprio drama, se o motivo dela aparecer agora foi mesmo o suicídio de Lisa, entre muitos outros detalhes que são jogados aos poucos pelo autor.

Outra qualidade da obra é exatamente o autor dar chance ao leitor de juntar as pistas e conseguir elaborar uma ou mais respostas sobre o que aconteceu e o que está acontecendo, como os personagens se encaixam nisso tudo, se eles estão contando a verdade e para onde a trama está caminhando. Por isso, quando chegamos ao clímax, não existe uma real surpresa, mas, no máximo, uma constatação de que uma das várias teorias que se formaram é a verdadeira.

Eu gosto desse tipo de livro, onde tempos a chance de conseguir decifrar tudo por nós mesmos. Aquelas tramas em que as pistas ficam quase todas ocultas, ou pelos menos as mais importantes e decisivas, onde o assassino é desvendado nas últimas páginas e o detetive explica todas as pistas que levaram a isso, sem que o leitor consiga fazer isso por ele mesmo, causa surpresa, mas causa, também, aquela sensação de ter sido enganado, de que nunca tivemos a chance de fazer o mesmo que o detetive.

As Sobreviventes, apesar de se parecer com os filmes de mortes juvenis que estamos cansados de ver, se distância deles de forma competente, por dois motivos importantes: primeiro, ele não tece os principais acontecimentos sob o suspense de que a qualquer momento alguém irá morrer, uma vez que as chacinas já aconteceram e, nos capítulos em que acompanhamos os acontecimentos do chalé, já sabemos que todos, menos Quincy, irão morrer e quem é o suspeito de tudo isso; e segundo, o suspense reside na indagação e na procura para descobrir quais são as verdades e as mentiras que Quincy e Sam contam, qual delas é lúcida, qual é louca, se ambas são, ou se nenhuma delas é, se existe algo mais por trás de tudo. Ou seja, é mais um thriller psicológico, do que uma história de assassinatos em série.

E isso de thriller psicológico fica mais evidente na relação entre Quincy e Sam. Sam, desde o momento que entra na vida de Quincy, faz de tudo para provocar reações cada vez mais violentas e perigosas em Quincy, como quando ambas saem de madrugada para o Central Park na expectativa de confrontarem assaltantes, como um escape para a violência que sofreram e como vingança sobre o gênero masculino, pelo que passaram nas mãos dos homens. Ou quando Sam descobre que Quincy tem o hábito de roubar pequenos objetos brilhantes, e Sam começa a fazer o mesmo. Ou até na relação de dependência que Quincy cultiva com Coop, o tal policial que a salvou do assassino.

Em resumo, As Sobreviventes (que, na minha opinião, deveria se chamar As Garotas Remanescentes), é um livro de suspense que consegue entreter desde a primeira página, com uma narrativa viciante, segura, que conduz o leitor para várias linhas de raciocínio. E o fato de não trazer um final surpreendente, é superado pela qualidade de permitir que o leitor consiga descobrir tudo sozinho, criando aquele gostinho de acharmos que fizemos, de alguma forma, parte da solução da história. E isso é tão legal!

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Troféu Literário 2017 #5: Os "mais"


Chegou a hora da última categoria do Troféu Literário 2017, que se trata de uma retrospectiva criada pelo blog Além do Livro, junto com o Insta @ka_indica para relembrar algumas leituras do ano. Hoje é dia de falar de "os mais" e, se quiser conferir as resenhas dos livros que eu cito, pode clicar nas imagens:

A leitura mais difícil


#Fui já estava na minha lista como o pior livro do ano, e coloquei ele nessa posição por ter sido a leitura "mais difícil deste ano, a ponto de pular páginas, coisa que nunca fiz antes. Não foi de todo uma leitura desagradável, mas expliquei o porquê disso na resenha do livro". Não poderia colocar outro livro nesta categoria também.

A leitura mais fácil


2017 foi recheado de leituras fáceis e amorzinhas, com os vários romances de época e young adults que fizeram parte da minha lista. Um dos mais fáceis de ler foi Geekerela, por ter um quê de previsível, mas ter um clima muito gostoso de acompanhar.

O livro que li mais rápido


Pela estrutura que recebeu, como peça de teatro, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada se tornou uma leitura extremamente rápida, e levei pouquíssimas horas para chegar ao fim do livro.

O livro que mais demorei para ler


Por ser uma leitura mais técnica, optei por intercalar A dieta do microbioma com outros livros de ficção, então demorei quase 40 dias para concluir. Embora não seja o tipo de livro que eu leia sempre, trata de um assunto que eu gosto, e aproveitei bastante a experiência.

E por fim…

Em 2017, minha meta era ler 60 livros e terminei o ano com 59 leituras.
Para 2018, minha meta é ler 50 livros.

Obs.: Se eu ler mais, ótimo. Mas não vou forçar as leituras com tantos compromissos que tenho assumido para 2018.



Quais as expectativas de vocês para as leituras de 2018?

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