Os 27 Crushes de Molly - Becky Albertalli

Sinopse: Molly já viveu muitas paixões, mas só dentro de sua cabeça. E foi assim que, aos dezessete anos, a menina acumulou vinte e seis crushes. Embora sua irmã gêmea, Cassie, viva dizendo que ela precisa ser mais corajosa, Molly não consegue suportar a possibilidade de levar um fora. Então age com muito cuidado. Como ela diz, garotas gordas sempre têm que ser cautelosas.
Tudo muda quando Cassie começa a namorar Mina, e Molly pela primeira vez tem que lidar com uma solidão implacável e sentimentos muito conflitantes. Por sorte, um dos melhores amigos de Mina é um garoto hipster, fofo e lindo, o vigésimo sétimo crush perfeito e talvez até um futuro namorado. Se Molly finalmente se arriscar e se envolver com ele, pode dar seu primeiro beijo e ainda se reaproximar da irmã.
Só tem um problema, que atende pelo nome de Reid Wertheim, o garoto com quem Molly trabalha. Ele é meio esquisito. Ele gosta de Tolkien. Ele vai a feiras medievais. Ele usa tênis brancos ridículos. Molly jamais, em hipótese alguma, se apaixonaria por ele. Certo?
Em Os 27 Crushes de Molly, a perspicácia, a delicadeza e o senso de humor de Becky Albertalli nos conquistam mais uma vez, em uma história sobre amizade, amadurecimento e, claro, aquele friozinho na barriga que só um crush pode provocar. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora

ALBERTALLI, Becky. Os 27 crushes de Molly. Editora Intrínseca, 2017. 320 p.

Simon vs. a agenda homo sapiens, de Becky Albertalli, foi bastante comentado na época de seu lançamento. Por algum motivo desconhecido, não tive tanta curiosidade de ler o livro e a resenha aqui do blog foi feita por outra pessoa. Mas algo me fisgou em Os 27 crushes de Molly; estava procurando algo leve para ler e peguei o livro sem expectativas e, quando percebi, estava completamente derretida pela fofura extrema criada pela autora. Minha conclusão sobre o livro foi: é muito amor em uma história só.

O livro conta a história de Molly, uma adolescente fora dos padrões de beleza que já teve muitos crushes na vida, mas nunca beijou ninguém. Também nunca levou um fora, mas talvez só porque todos os seus crushes só tenham existido na sua imaginação. O problema é que quando sua irmã gêmea - que é fisicamente o oposto de Molly - começa a namorar, ela se sente sozinha como nunca e tem a impressão de que nunca terá alguém que goste dela.

"[...] passo muito tempo pensando em amor e beijos e namorados e todas as outras coisas para as quais as feministas não tinham que dar muita bola. E eu sou feminista. Mas não sei. Tenho dezessete anos e só quero saber como é beijar alguém."

É bom deixar claro que o livro não tem uma história surpreendente nem traz um contexto fantástico. Trata-se, na verdade, de uma trama adolescente sobre descobrir seu espaço no mundo e sobre como se relacionar com os outros. Becky criou para Molly um enredo bem simples, que começou tranquilo e quase sem graça, mas que, com o passar das páginas, ganhou forma e conquistou minha atenção. Fiquei tão envolvida nas sensações da protagonista, a ponto de sentir meu coração acompanhar o dela, que li tudo em dois dias. Acho mágico quando um autor consegue nos fazer sentir junto com o livro, e foi nesse aspecto que Os 27 crushes de Molly me ganhou.

Molly é uma personagem doce e acompanhar a história por seu ponto de vista foi bastante agradável. Como toda adolescente, ela tem problemas e inseguranças, mas não faz disso a única questão de sua vida nem se debulha em reclamações. Ela mostra que tem consciência de sua realidade e faz de tudo para se aceitar, mesmo nos momentos em que isso se torna difícil. O mais relevante nisso tudo, porém, foi que a autora conseguiu mostrar uma personagem que não se resume a seu aspecto físico: ela é inteligente, é gentil, é otimista, habilidosa e criativa - e muito, muito fofa, quase tanto quanto minha queridinha Lara Jean, de Para todos os garotos que já amei.

"Não consigo nem imaginar como deve ser. Deixar de estar apaixonada. Se tornar uma estranha para alguém que você já amou um dia."

Essa fofura toda dá um toque de utopia ao livro, devo dizer. A trama trata muito sobre aceitação, de todas as formas - seja no que toca à cor da pele, ao peso ou a opção sexual -, e chega a ser um pouco idealizado o modo como tudo se resolve no final. Mesmo assim, o enredo traz uma mensagem de esperança, e acho isso importante, já que tenho certeza de que muitos leitores tendem a se identificar com os personagens. Eu mesma consegui me ver um pouco em vários personagens, e foi ótimo encontrar um desfecho cheio de expectativas sobre coisas melhores por vir.

Os relacionamentos também são bem trabalhados, tanto em relação aos familiares quanto às amizades. E também os crushes, obviamente. Não vou citar quem foi o vigésimo sétimo crush para não tirar a graça de quem ler, mas a leveza com que esse relacionamento se desenvolve facilmente apaixonará qualquer um que decidir conhecer o livro.

Os 27 crushes de Molly, como já comentei, não é um livro genial ou inovador, mas tem tantas coisas boas em suas linhas que é difícil não terminar a leitura com aquele sorrisinho apaixonado no rosto. É muita fofura em uma trama só, e quem leu Simon ainda ganha de brinde uma breve aparição de alguns personagens da primeira obra da autora.