A Bela e a Adormecida - Neil Gaiman

Em uma sombria e fascinante história, as mais queridas princesas dos contos de fadas são reinventadas de maneira brilhante pelo inglês Neil Gaiman e o ilustrador Chis Riddell. Em A Bela e a Adormecida, uma jovem rainha é informada, na véspera de seu casamento, sobre uma estranha praga que assola as fronteiras do seu reino, um sono mágico que se espalha pelo território vizinho e ameaça os seus domínios. Na companhia de três anões, a rainha abandona o fino vestido da festa, pega sua espada e armadura e parte pelos túneis dos anões para o reino adormecido. Uma viagem repleta de ação e suspense que leva a uma surpreendente descoberta. Misturando o conhecido e o novo com perfeita sintonia, Gaiman cria mais uma obra repleta de magia e aventura capaz de hipnotizar o mais exigente dos leitores. (Skoob)
GAIMAN, Neil. A Bela e a Adormecida. Rocco, 2015. 72 p.


As vésperas do casamento da Rainha, três anões vão atrás de um presente digno de Vossa Majestade, contudo acabam descobrindo que o reino vizinho está sobre uma maldição do sono há mais de 80 e menos de 100 anos, e que, ao que tudo indica, ela está avançando. Prevendo que a maldição que um dia ela sofreu atacará seu reino se nada for feito, a Rainha (provavelmente Branca de Neve?) decide adiar o casamento e partir numa jornada até o local em que a princesa (talvez a Bela Adormecida) dorme, para acordá-la do seu sono eterno com um beijo.


Uma imagem fala mais de mil palavras? Não, não é verdade. O fato da história apresentar duas personagens de contos de fadas num beijo trouxe certa repercussão quando foi lançando. Eu lembro de ouvir que isso não era história para criança, que estavam sexualizando as princesas de contos de fadas e afins. Eu li em parte (depois de tanto tempo) por curiosidade, para saber como a Branca de Neve e a Bela Adormecida, essas duas histórias diferentes (embora não muito, porque ambas foram envenenadas e dormiam um sono eterno até ser acordada por um beijo) iriam se misturar, e...

O romance não é o foco de A Bela e Adormecida, nem de longe. O beijo foi apenas... circunstancial. Alguém precisava beijar a princesa e que tipo de rainha ela seria se não fizesse o que precisava ser feito?

“-Sinto dizer, mas não haverá casamento amanhã – declarou a rainha.
Ela mandou buscar um mapa do reino (...).
Ela mandou buscar o primeiro-ministro (...).
Ela mandou buscar o noivo, pediu-lhe que não fizesse cena; disse que ainda se casariam, mesmo ele sendo apenas um príncipe, e ela, uma rainha, e fez cócegas no belo queixo dele, e beijou-o até que ele abrisse um sorriso.
Ela mandou buscar a cota de malha.
Ela mandou buscar a espada.
Ela mandou buscar mantimentos e o cavalo, e em seguida cavalgou palácio afora, em direção ao leste.”

Esse pequeno livro – um conto, talvez? – traz questões simples sobre suas escolhas e é recomendado para qualquer público. Você pode ler para se distrair ou se aprofundar na história e tentar tirar uma moral dela (apenas fábulas têm moral, mas tudo bem).

Se você for tirar uma história dessa história, as histórias são variáveis, você pode escolher qualquer caminho. Siga em frente e escolha fazer o que quer, seja certo ou errado, e descubra que quando você decide escolher e ignorar a opinião dos outros, fica mais fácil; vire para o outro lado e encontre o que as pessoas estão dispostas a sacrificar para ser a melhor, o que estão dispostas a fazer, pois em A Bela e a Adormecida, somos apresentados a Bela e a Adormecida e as duas não são a mesma pessoa, a Bela Adormecida não é bela e nem está adormecida.

“Eles tinham nomes, os anões, mas não era permitido aos seres humanos conhecê-los, sendo tais coisas sagradas. A rainha tinha nome, mas, ultimamente, as pessoas só a chamavam de Vossa Majestade. Os nomes estão meio em falta nesta história.”

Criticando os contos de fadas, em que garotas precisam ser resgatadas, em que príncipes beijam princesas, em que o amor verdadeiro é o antídoto, em que pessoas belas são heroínas, Neil constrói uma narrativa diferente de tudo que já li. A Bela e a Adormecida é uma história simples, direta e inovadora. Ela nos apresenta a um reconto misturado de a Branca de Neve e a Bela Adormecida, em que nada é como parece.
Yuki Kurohime
Yuki Kurohime

13 comentários:

  1. Só lendo sua resenha eu pude associar a imagem do beijo ao livro. Puxa, nem me recordava disso.rs
    Neil é maravilhoso em construir seus enredos,mas vou confessar que na época deste lançamento, nem dei muita atenção a este pequeno livro, que aliás, é realmente um conto.
    Mas achei muito interessante esta brincadeira de misturar dois contos de fadas e dar um novo ar ao que já estava pronto.
    Se tiver oportunidade, quero poder ler.
    Beijo

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  2. Oi, Bela.

    Apesar de polêmico, não podemos negar que, o beijo entre ambas as personagens é parte importante para minimizar o perigo à espreita. E, por isso, destaca-se revelando transparência para o desfecho do livro.

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  3. Que incrível! Nossa, eu adorei a idéia. Amo quando reinventam Contos de Fadas e este ficou realmente muito bom. Espero ter a oportunidade de ler.

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  4. Olá Bela!
    Que edição linda!
    Não tinha conhecimento dela ainda, amei né?
    Amo contos de fadas e qdo é reileitura a gte só pode esperar coisa boa.
    Bjs!

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  5. Olá! Já tem bastante tempo que esse livro está na lista de leitura, essa sua resenha me deixou super curiosa em conferi essa história que parece bem surpreendente, curto muito releituras de contos de fadas.
    Bjs

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  6. Oi Bela.
    Não tinha ouvido falar sobre esse livro, mas adorei saber que é uma releitura dos contos de fadas da Disney com algumas farpas. Não precisamos de mais histórias de mulheres frágeis que precisam ser resgatadas por um homem.
    Achei a capa belíssima.
    Beijos

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  7. Bela!
    Seria um anti conto do original?
    Com certeza irei amar esta nova versão. Os personagens tem características marcantes que nos fazem valorizar mais o amor fraterno. A capa do livro está maravilhosa!! A protagonista com certeza já me conquistou por ser uma mulher forte e decidida!!
    Maravilhoso final de semana!
    “Eu gosto de escutar. Eu aprendi muito escutando cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca escuta. “(Ernest Hemingway)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA MAIO BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  8. Gostaria de ler adoro historias diferentes, essa por sinal por se tratar de uma personagem feminina que vai salvar ou no caso acordar a outra é bem legal, não precisou de um príncipe. E que rainha, não mandou ninguém em seu lugar foi ela mesma resolver a situação, gostei ostra que ela tem garra.

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  9. Oi Bela,
    Que livro mais interessante! Com certeza vou querer ler, pois apesar de só ter lido um livro do Neil Gaiman, me encantei com o estilo da narrativa do autor. Esse livro expõe ironicamente os contos de fadas, onde um príncipe sempre salva uma mocinha em perigo. Longe disso! O autor traz uma história única mesclando esses dois clássicos contos de fadas de uma forma totalmente diferente. Fiquei muito curiosa para ler esse livro.
    Beijos

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  10. Não conhecia esse livro e estou apaixonada! O Neil sempre consegue me surpreender mais ainda.
    Achei bem legal essa mistura de contos de fadas de um jeito completamente diferente, e ao mesmo tempo polêmico.
    Já quero ler e anotei a dica.

    beijinhos
    She is a Bookaholic

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  11. Oi, Bela!
    Ainda não conhecia esse livro, espero ler para ver como ficou a história das princesas de um outro ponto de vista.
    Beijos

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  12. A premissa é até bacana e uma pena que tenha gerado grande repercussão por causa do beijo. Só lendo mesmo para avaliá-lo de uma outra forma.

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  13. Faz anos que conheço esse livro e só agora que você falou que reparei que são as duas princesas se beijando kkk eu achava que a morena era o rapaz kkkkkkkkk
    então, parece bom e diferente pela sua resenha, mas confesso que depois de ter lido 3 do Neil Gaiman e não ter gostado, pegay ranço dos livros dele kkkkkkk
    Acho que não lerei, embora tenha ficado curiosa por causa do beijo kkk
    bjss

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Beijos, Julia G.